Uma crescente onda de violência contra provedores de internet tem assolado o Ceará, com facções criminosas exigindo pagamentos de “taxas” para permitir a operação das empresas em áreas controladas por esses grupos. A recusa em ceder a essas extorsões tem resultado em ataques a tiros, incêndios e vandalismo, prejudicando o acesso à internet para milhares de cearenses.

Os ataques, que se intensificaram desde fevereiro, já se espalharam por diversos municípios, incluindo Fortaleza, Caucaia e São Gonçalo do Amarante. A prática criminosa consiste na cobrança de 50% do valor pago pelos clientes pelos serviços de internet, uma extorsão que as facções justificam como uma “autorização” para a prestação dos serviços nas áreas dominadas por elas. Empresas que não se submetem a essa imposição sofrem retaliações violentas, como a destruição de equipamentos e o corte de cabos de internet.

Continua após a publicidade

Em Caridade, por exemplo, a maioria dos clientes ficou sem internet após ataques de uma facção criminosa. A situação, que já dura quatro dias, afeta cerca de 22,5 mil moradores, impactando desde o acesso a serviços básicos até a comunicação com familiares e amigos.

Os criminosos indicam uma lista de empresas “autorizadas” a operar nas áreas controladas, enquanto as demais provedoras sofrem retaliações violentas. Diante da situação, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, anunciou no último final de semana a criação de um grupo especial para combater esse tipo de crime. O objetivo é intensificar as ações das forças de segurança para identificar os responsáveis pelos ataques e desarticular as facções criminosas.

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), com o apoio da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da SSPDS, está realizando investigações e diligências relacionadas à atuação de grupos criminosos contra empresas provedoras de internet.

Segundo investigações, a facção Comando Vermelho (CV) estaria por trás dos ataques, visando instalar um provedor próprio no Ceará, nos moldes do que já ocorre no Rio de Janeiro. Para isso, a facção estaria ordenando furtos de equipamentos e cabos de internet, além de forçar moradores a aderir à internet ilegal.