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O Shaolin do Sertão (2016)

O Shaolin do Sertão (2016)

29/10/2016 às 15h13 Atualizada em 21/03/2020 às 00h19
Por: Thiago Rodrigues
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
Halder Gomes é um apaixonado pela sétima arte. Se “Cine Holliúdy” já mostrava isso, este “O Shaolin do Sertão” é a prova definitiva. Após o sucesso comercial de seu longa anterior, Halder conseguiu um orçamento mais polpudo para esta sua nova parceria com Edmilson Filho na telona, algo que se reflete na telona, sendo esta uma produção bem mais caprichada, especialmente na fotografia e na direção de arte.
Também não se perdeu o carinho nostálgico do cineasta para com o interior do Ceará. Escrita por L.G. Bayão, a trama se passa em Quixadá nos anos 1980, começo do declínio dos programas de vale tudo e época em que os filmes de Kung Fu chineses realmente estavam em alta no Brasil, sobretudo pela emergência do home-video.
Neste cenário, conhecemos Aloísio (Edmilson Filho), um padeiro que sonha em ser um lutador de artes marciais e em conquistar a bela Anésia Shirley (Bruna Hamu), filha de seu patrão (Dedé Santana). O problema é que a moça está prometida para o arrogante Armandinho (Marcos Veras) e Aloísio é tido como motivo de piada na cidade por seu amor às artes marciais shaolins. Quando um conhecido lutador anuncia que desafiará alguém na cidade, Aloísio logo se prontifica para a luta, indo treinar com um estranho mestre “chinês” (Falcão).
O grande forte do filme está realmente no carisma do seu elenco e na química de Edimilson Filho com quase todos em cena, algo que consegue superar até mesmo a falta de traquejo de alguns atores com a câmera. Não só Edmilson consegue dar graça ao texto, mas seu talento para o humor físico é fora de série, fazendo dele quase uma versão tupiniquim de Jackie Chan (o qual sou muito fã, risos).   Marcos Veras encarna de maneira natural não só o papel de rival romântico de Aloísio, mas de cearense. Isso porque a identidade regional do filme é deveras importante para a trama e para as gags, sendo o sotaque parte integral delas, sem contar que daria para fazer um dicionário de gírias alencarinas só com o roteiro do longa. Neste sentido, Dedé Santana, por mais experiente que seja, acaba destoando do resto do elenco justamente por não conseguir interpretar em “cearês” de maneira mais natural.
Mesmo prejudicado pela montagem ruim, “O Shaolin do Sertão” se destaca por conta de seu elenco carismático que encarna com convicção a galeria exótica de personagens do longa, dirigido, se não com perfeição, mas certamente com paixão por Halder Gomes.

Wilker Magalhães
Blogueiro, crítico de cinema e colunista do portal A Voz de Santa Quitéria.
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