Diante da suspensão de torneios por tempo indeterminado, os times até conseguiram acordos para reduzir os salários dos respectivos elencos, mas a crise econômica promete se aprofundar com a prorrogação da ausência de jogos. E os patrocinadores são muito afetados na inatividade.
Ao ceder receita ou material aos clubes, a expectativa é obter a visibilidade da marca. Ação que perde força sem os jogos. Assim, a tendência é reduzir o investimento para também se resguardar neste período de entraves comerciais.
E apesar da saúde financeira ou qualidade como bom credor, o ciclo tende a ser o mesmo para os únicos representantes cearenses na Série A do Campeonato Brasileiro. No caso do Ceará, na verdade, as negociações até começaram.
"Alguns patrocinadores pediram para fazer um acordo e estamos negociando. Não tem nada definido. É natural que todos, nesse momento, pretendam mudar isso. Ninguém pediu cancelamento, querem uma negociação, permutas”, explica João Paulo, diretor financeiro do Ceará.
Com patrocinadores fechados para a temporada, o time projetava arrecadação mínima de R$ 9,5 milhões - quase 10% do orçamento de R$ 100 mi previsto pela diretoria, o maior da história do clube. Dentre as plataformas de manutenção de ganho fixas há lotéricas, sócio-torcedor e cotas de TV.
O cenário de restrição financeira é similar no Fortaleza. O clube não notificou nenhum solicitação de reajuste, mas trabalha internamente para permitir um plano de equilíbrio fiscal mesmo com rescisões.
“Não tivemos nenhum pedido oficial (de rescisão). Existe a tendência, é algo natural. Superamos março, estamos em abril e temos projeto para o fim do mês, mas fica a incerteza, é quase certo que vamos renegociar. Tentaremos mantê-los porque, sem jogo, faz parte das receitas garantidas que temos, como o sócio-torcedor”. Todo dia precisamos pensar no que fazer”, aponta Maurício Guimarães, diretor financeiro tricolor.
A arrecadação mínima estipulada pelo Fortaleza junto aos patrocinadores obtidos era de R$ 8 milhões - parte considerável no também orçamento recorde do clube: R$ 109 mi. O cálculo envolve ainda cotas de auxílio da Prefeitura de Fortaleza e do Governo do Estado do Ceará, que tinham distribuição de montante estimado em R$ 3,2 mi tanto para o Leão como para o Vovô.
CENÁRIO NACIONAL
O panorama é duro para o restante da temporada e se estende aos gigantes do futebol nacional. No Rio de Janeiro, a empresa Azeite Royal suspendeu contratos com os quatro principais times do Estado (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco) em negociação que movimentava R$ 8,5 milhões.
Maior patrocinadora do futebol brasileiro, a Crefisa também estuda novos moldes de parceria com o Palmeiras. Por ano, o time arrecadava R$ 81 milhões, valor que deve ser abatido.
Sem partida, público ou competição, o momento requer criatividade até a pandemia mundial de covid-19 ser controlada. São ajustes para garantir um futuro em 2020.
Alexandre Mota