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Repasses do impacto da alta dos combustíveis sobre outros produtos vão ocorrer em até 30 dias

Repasses do impacto da alta dos combustíveis sobre outros produtos vão ocorrer em até 30 dias

Thiago Rodrigues
Por: Thiago Rodrigues
21/06/2022 às 12h07 Atualizada em 21/06/2022 às 12h07
Repasses do impacto da alta dos combustíveis sobre outros produtos vão ocorrer em até 30 dias
Foto: Reprodução

Os cálculos de quanto isso vai pesar em termos percentuais ainda são difíceis de se realizar, conforme essas mesmas fontes, devido ao fator surpresa do anúncio feito pela Petrobras. Na última sexta-feira, 17, a estatal informou que o preço do litro da gasolina nas refinarias subiria R$ 0,20, em média, e o do litro do diesel R$ 0,70, em média, já a partir do sábado.

O comunicado da companhia aconteceu logo após o feriado de Corpus Christi e apenas dois dias depois da aprovação de um projeto de lei na Câmara, que estabeleceu uma alíquota máxima de 17% no Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis e outros segmentos. Essa era uma das apostas do Governo Federal para reduzir o preço desse insumos e reduzir a pressão inflacionária que tem trazido desgaste em ano eleitoral para o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Nas contas governistas, a medida traria impacto de R$ 1,65 sobre o preço da gasolina e de R$ 0,76 no preço do diesel.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, disse que o segmento foi pego de surpresa com o aumento e a única certeza no momento é de que os impactos chegarão em breve à mesa do consumidor. “Fomos pegos de surpresa. A nossa expectativa era a de que com a aprovação do projeto de redução da alíquota do ICMS houvesse queda no preço dos combustíveis. O óleo diesel pesa muito sobre o agronegócio. Somente no caso da avicultura, 90% dos grãos que servem de alimento para os animais vêm de outros estados. Não acredito que teremos repasses nesta semana, mas em até 10 dias eles serão inevitáveis”, ressalta.

Por sua vez, o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Nidovando Pinheiro, acredita que alguns repasses já vão começar de modo imediato, principalmente no caso de hortaliças, frutas, verduras, carnes e ovos que são comprados diariamente. Já para produtos industrializados em estabelecimentos com estoques reforçados só devem começar a subir em 30 dias. “A gente fica muito preocupado quando se depara com uma situação como essa que já vem ocorrendo há alguns meses. É mais um aumento de combustíveis muito ruim para o Estado e para o País. Estamos tentando evitar ao máximo para absorver parte desses reajustes”, pontua.

O varejo também projeta aumentos quase instantâneos. Para o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Assis Cavalcante, o impacto da alta dos combustíveis “vai no custo dos fretes, no custeio do vale-transporte e com o preço do diesel superando o da gasolina em alguns postos pode se refletir até na circulação das pessoas que se utilizam do transporte coletivo. O lojista fica entre tentar segurar o preço e vender ou aumentar para segurar o prejuízo, mas, em geral, é renovar os estoques e já repassar esses aumentos. Uma das saídas têm sido alargar o prazo de pagamento para caber no bolso do consumidor”.

Por sua vez, o setor de alimentação fora do lar vê dificuldade em repassar o impacto da alta dos combustíveis devido a baixa demanda. “Temos muito segmentos repassarem, mas nós não conseguimos até porque o nosso cliente final está perdendo poder aquisitivo e o ticket médio dele não aumentou. Nós também temos a responsabilidade de estarmos entre os maiores empregadores. Então, estamos reduzindo margens de lucro e usando criatividade nos cardápios para segurar preços”, explica o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), Taiene Righetto.

O turismo também tem sido afetado pelos constantes aumentos nos preços dos combustíveis, notadamente em sua modalidade intermunicipal, na qual o viajante vem de carro para passar o fim de semana em Fortaleza. A presidente da Associação dos Meios de Hospedagem e Turismo (AMHT), Vera Lúcia da Silva, lembra que “mesmo quando se aumentam poucos centavos, quando esse turista precisa abastecer 50 ou 100 litros para vir até aqui isso impacta muito para ele”.
O Povo Online