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Secretária de Cultura de Uruburetama interrompe apresentação de quadrilha alegando ser "macumba"

Secretária de Cultura de Uruburetama interrompe apresentação de quadrilha alegando ser "macumba"

Thiago Rodrigues
Por: Thiago Rodrigues
21/06/2022 às 17h30 Atualizada em 21/06/2022 às 17h30
Secretária de Cultura de Uruburetama interrompe apresentação de quadrilha alegando ser
Foto: Reprodução

Ao observar que havia uma ala de baianas, a gestora, segundo um dos organizadores do evento, mandou parar a apresentação. "Dizendo que era uma falta de respeito trazer macumba para dentro de uma festa religiosa". Segundo o organizador, que preferiu não se identificar, um dos integrantes da quadrilha tentou acalmá-la, mas sem sucesso. "Ela ficou dizendo que queria que parasse, pois quem mandava ali era ela", disse.

"Um grupo de praticantes de religiões afro-brasileiras lá de Uruburetama nos contatou e disse que já tinha sido vítima de preconceitos como esse outras vezes. Foi uma situação muito grave e que deixou, sim, marcas muito negativas", relatou o membro da quadrilha.

Mesmo com a interrupção, o evento não parou. Ao final da apresentação, os donos da quadrilha tentaram explicar o tema da dança ao público, mas foram novamente restringidos. Segundo o organizador, não existem registros audiovisuais do momento, pois a própria secretária teria pedido para apagar.

Nota de repúdio

Em suas redes sociais, a junina Trem Maluco (@juninatremmaluco) publicou uma nota de repúdio às ações da secretária. "As religiões de matrizes africanas são parte da nossa história e da nossa cultura, precisamos entender e respeitar assim como qualquer outra prática, basta de toda ignorância e intolerância", afirmou.

A Prefeitura de Uruburetama também emitiu uma nota de desculpas em que solicita uma conversa com o grupo que faz parte da organização da quadrilha para "amenizar o desconforto entre as partes envolvidas direta e indiretamente".

Nota de repúdio da junina Trem Maluco:

"A lei 7.716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela lei 9.459, de 15 de maio de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões. Com base nisso, não aceitaremos nenhum tipo de ofensa ao nosso trabalho, repudiamos todo o ocorrido na cidade Uruburetama e ficamos muito mais tristes em saber que isso partiu das nossas próprias autoridades da cidade, as religiões de matrizes africanas são parte da nossa história e da nossa cultura, precisamos entender e respeitar assim como qualquer outra prática, basta de toda ignorância e intolerância. Nada justifica tamanha falta de respeito com nossos membros e com o público presente que presenciou toda cena lamentável. Estamos contando a história de Santa Dulce, e tudo que é abordado fez parte de sua vida, no mais, um bom dia a todos"

O povo