“Eu queria dizer para todos que, naquele momento, seria minha última quimioterapia. Eu queria compartilhar minha alegria. Foi muito difícil chegar aqui. Depois da sessão, eu já sabia que, em breve, eu não precisaria mais sentir esses efeitos colaterais, que sempre foram tão ruins”, conta Nívia.
O gesto de decorar o carro, idealizado pelas filhas de Nívea, fez com que a genitora desfrutasse de muito afeto e acolhimento de todos que passavam próximo a ela no trânsito.
A viagem na quinta-feira foi gravada, e agora repercute nas redes. A corrente de carinho se expandiu ainda mais. “Ontem, eu entendi a importância do apoio de outras pessoas diante de situações difíceis. Eu recebi muitas mensagens de apoio de pessoas que perderam parentes ou estão lutando contra o câncer”, diz Nívia.
“Na última vez que eu fui à clínica, na hora quando eu fui falar, tinha uma senhora que estava com a filha que ia receber o diagnóstico. Após minha fala, na clínica, a senhora disse estar mais forte para lutar com a filha contra o câncer. Compartilhar a minha vitória foi algo que me ajudou naquele momento, porque pode dar esperança para outras pessoas”, acrescenta ela, emocionada.
Luta contra o câncer
O diagnóstico de câncer veio em junho de 2021, e de lá para cá foram muitas restrições. A mulher conta que o mais doloroso foi manter distância das pessoas que gostava, para se resguardar de possíveis contaminações.
Uma simples gripe poderia ocasionar sérios problemas para Nívia. “As minhas gripes eram terríveis, tudo era muito ruim. Ninguém poderia estar perto de mim, porque a minha imunidade sempre estava comprometida.”
Nívia também cita as dificuldades das intercorrências. A intercorrência é um termo utilizado para designar algum eventual problema no decorrer de um procedimento cirúrgico ou no período de recuperação. "Foi um processo muito doloroso desde o início das quimioterapia, porque tive várias intercorrências, muito intensas.”
“A última [intercorrência] foi a pior. A gente fica com a imunidade tão baixa que qualquer coisa, como uma bactéria na corrente sanguínea, pode gerar uma infecção muito grave. Eu passei dez dias internada. Eu sentia muita dor. Os médicos apelaram para a morfina, que não estava mais resolvendo. Eu pensava que fosse perder o pé por causa da infecção, já tinha perdido o peito. Era muita dor.”
No fim, toda a luta da família Costa valeu a pena. Ação também serviu para acender uma faísca de esperança em várias pessoas que passaram por aquele carro nas vias da Capital cearense, ou que cruzaram com os vídeos de dona Nívia nas redes sociais: “Eu tenho 45 anos, sou jovem, linda e nova! Estou me preparando para muitas mudanças, quero ficar muito linda!", finaliza ela.
O povo