Segundo o relatório, assinado pela pesquisadora Jânia Perla Aquino, do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará (UFC), o estado teve, em 2021, 11.857 roubos ou furtos de veículos no ano passado, frente a 12.809 registrados em 2020.
Se comparados aos números de 2018, quando houve 13.503 roubos ou furtos de veículos registrados no estado, o número representa uma queda de 21,3% em quatro anos. No quadriênio, o período com menos ações criminosas dessas características foi 2019, com 9.730 ocorrências desse tipo.
Já em relação ao número de celulares roubados e furtados, a diminuição foi menor, mas apenas entre 2020 e 2021, quando foram registrados 38.455 e 36.780 casos, respectivamente. Em 2018, primeiro ano analisado no documento, houve 34.427 ocorrências desse tipo, o que resultou em uma alta de 4,9% no período analisado.
Segundo o delegado Hugo Leonardo de Lima, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC), a Polícia Civil, ao longo desses anos, tem buscado mapear todas as quadrilhas atuantes em roubos e furtos de veículos na Região Metropolitana de Fortaleza e no interior do estado por meio da delegacia especializada e pelas delegacias distritais, municipais e regionais.
"A partir desse levantamento e da identificação desses indivíduos, há um trabalho investigativo e de inteligência em que tentamos nos antecipar às ações criminosas na busca de prender esses criminosos", afirmou.
Uso do videomonitoramento
Ainda conforme o delegado, o uso das câmeras de videomonitoramento tem parcela importante nos resultados indicados no estudo. O sistema, afirmou ele, é importante tanto para a Polícia Civil quanto para a Polícia Militar, principalmente no patrulhamento ostensivo desta.
"Quando acontece esse tipo de crime, principalmente o roubo, imediatamente todos os profissionais de segurança pública toma ciência de que aquele veículo foi roubado através dos sistemas e já iniciam suas buscas", pontuou o delegado, acrescentando a necessidade de que vítimas entrem em contato com a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), pelo número 190, e registrem boletim de ocorrência logo após o crime.
"É importante que o boletim de ocorrência seja registrado porque tanto vai subsidiar a Polícia Civil de informações acerca daquela situação, que pode ser que já estejamos investigando esses grupos em situações paralelas", disse.
Já conforme o estudo, a expansão progressiva do videomonitoramento nas vias públicas e penitenciárias indica "mudanças de concepções" na gestão da segurança pública cearense.
"Há muito tempo, estudiosos de atividades criminais pelo mundo têm ressaltado que diversos ilícitos não persistiriam sem a colaboração de agentes do estado, uma série de investimentos e medidas de gestão no Ceará dão concretude a tais conclusões de pesquisas", escreveu a pesquisadora.
Para Jânia Perla Aquino, a multiplicação das áreas de monitoramento por câmeras não visa apenas flagrar criminosos nas ruas — o sistema visa, também, a inibir excessos na atuação policial, transações ilegais entre policiais penais e presos ou infrações de detentos nas prisões, como circulação de drogas.
A pesquisadora considerou que os resultados imediatos desse sistema parecem evidentes na redução de estatísticas criminais, mas o uso de videomonitoramento ainda necessita de uma análise mais longitudinal, dadas as "recorrentes denúncias de violações de direitos humanos".
"Há muito para ser discutido sobre o sucesso desta estratégia a longo prazo, suas implicações éticas e impactos sobre a saúde mental dos profissionais da segurança pública", destacou.
G1 CE