Conforme o Ministério Público, o alvo da operação é integrante de uma facção que tinha a função de “salveiro geral”, pessoa responsável por repassar e receber os comunicados da organização, tanto dentro do próprio sistema prisional quanto fora das penitenciárias, conectando as diferentes cadeias do grupo.
A polícia apreendeu com o preso sete tampas de quentinhas, com mensagens dirigidas a outros detentos. Em depoimento, o investigado disse que pegava a parte de alumínio da quentinha e afinava a ponta, visto que o alumínio solta uma substância preta que, molhada com sabonete, faz o traço ficar mais espesso, usando-a como se fosse um lápis.
As investigações começaram em abril de 2022, após a apreensão do material durante uma ronda noturna. Ao examinar o teor das mensagens contidas nas tampas, os investigadores identificaram que se tratava de informações sobre o funcionamento da facção dentro do próprio presídio, orientações para serem compartilhadas com familiares e ainda uma espécie de campanha para cooptar novos integrantes para a facção criminosa.
Conforme o Ministério Público, em um dos bilhetes ficou claramente combinado que os detentos deveriam incentivar seus familiares a denunciarem supostas agressões que estariam sofrendo dentro do presídio.
Segundo o acusado, a meta era conseguir 70 denúncias por visitante, pois só assim conseguiriam chamar atenção da imprensa e, consequentemente, da sociedade para a situação dos detentos. Com isso, iriam expor de forma negativa o funcionamento do Sistema Prisional do Estado do Ceará.
De acordo com o alvo da operação, esse objetivo não foi alcançado, pois somente 40 denúncias teriam sido formalizadas. Todo o material apreendido foi submetido à perícia, que comprovou a autoria das mensagens. O alvo já cumpre pena pelo crime de tráfico de drogas.
G1