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Delegada acusada de facilitar corrupção policial no Ceará é absolvida pela CGD; inspetor é suspenso

Um inspetor que atuava na mesma delegacia foi suspenso por 30 dias por determinação da Controladoria Geral de Disciplina (CGD), acusado de atuar ilegalmente em operações policiais

Josyvânia Monteiro
Por: Josyvânia Monteiro Fonte: Diario do Nordeste
31/03/2024 às 13h44
Delegada acusada de facilitar corrupção policial no Ceará é absolvida pela CGD; inspetor é suspenso
Foto: Reprodução/ Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública

A delegada Patrícia Bezerra de Souza Dias Branco foi absolvida pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) da acusação de diversas "faltas disciplinares" como atrapalhar investigações e se associar a policiais civis em práticas criminosas. A decisão administrativa apontou insuficiência de provas e foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) na última quarta-feira (27). 

Patrícia era titular da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD) e foi acusada de facilitar e até participar de crimes praticados dentro da unidade policial, como extorsão, corrupção, associação criminosa e envolvimento com tráfico de drogas. Ela foi absolvida pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região, em setembro de 2023, após ser condenada em dezembro de 2020 pela Justiça Federal. 

A delegada havia sido sentenciada a sete anos de reclusão, perda do cargo e interdição para exercício de função ou cargo público pelo prazo de oito anos. Na sentença de 1º Grau, o juiz Danilo Dias disse, nos autos, não ter dúvidas que "Patrícia Bezerra tinha pleno conhecimento dos inúmeros abusos policiais praticados no âmbito da delegacia da qual era titular - tendo, inclusive, participado de parte deles". 

No entanto, no recurso analisado no TRF-5, a absolvição da delegada foi fruto de decisão unânime dos magistrados, que não enxergaram crimes nas atitudes da então titular da DCTD. 

Na mesma decisão da CGD que absolveu Patrícia, consta também a suspensão do inspetor de Polícia Civil Petrônio Jerônimo dos Santos, por um período de 30 dias. Segundo o processo judiciário, analisado pela Controladoria, o agente interferiu em investigações sobre as infrações cometidas por membros da DCTD. 

Às vésperas da deflagração de uma operação na delegacia especializada, ele encaminhou mensagens a colegas inspetores para alertá-los a destruir evidências em celulares, viaturas e residências. Petrônio é um dos policiais civis condenados há quatro anos na Justiça Federal por atuação ilegal em operações da Polícia.

No ano passado, ele e outros 9 policiais civis tiveram a pena reduzida. No entanto, ele e um grupo com 24 policiais acusado de organização criminosa e crimes como tráfico e tortura ainda são investigados na Vara de Delitos de Organização Criminosa, da Justiça Estadual, pois foram denunciados pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), órgão que em janeiro deste ano pediu que eles permanecessem afastados de suas funções.