A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã desta sexta-feira (18) mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Jair Bolsonaro (PL), inclusive na casa do ex-presidente. As buscas ocorreram na residência oficial de Bolsonaro, localizada no bairro Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e também em imóveis relacionados ao Partido Liberal (PL), partido do ex-presidente.
Durante a operação, Bolsonaro foi informado que terá que cumprir medidas restritivas determinadas pela Justiça, entre elas a utilização de tornozeleira eletrônica, conforme determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), conforme apurado por diferentes veículos de imprensa. As medidas cautelares visam garantir o regular andamento dos processos em que Bolsonaro é investigado, além de evitar risco de fuga do país.
Após as buscas na casa do ex-presidente, agentes seguiram para a sede do PL para cumprir os mandados. Bolsonaro já havia deixado a residência no momento da ação policial. A Polícia Federal e o STF não divulgaram detalhes específicos sobre o objeto da investigação até o momento.
Denúncia da PGR
Ainda esta semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo o pedido de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete integrantes do chamado “núcleo crucial” da trama golpista, em ação penal que investiga crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado e à ruptura democrática após as eleições de 2022.
No documento de 517 páginas, o procurador-geral Paulo Gonet detalha que Bolsonaro não apenas tinha conhecimento, mas liderou a articulação de um plano que visava minar o resultado das urnas e impedir a alternância legítima do poder. Segundo a PGR, o grupo utilizou o aparato estatal para ataques orquestrados contra o sistema eleitoral e as instituições, mobilizando agentes públicos e recursos para propagar narrativas falsas e estimular a instabilidade social.
Entre os crimes listados estão:
Organização criminosa armada
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Tentativa de golpe de Estado
Dano qualificado ao patrimônio da União
Deterioração de patrimônio tombado
Esses crimes, em caso de condenação, podem resultar em penas superiores a 30 anos de prisão para os principais envolvidos.
Além de Jair Bolsonaro, foram denunciados:
Walter Braga Netto, general e ex-ministro
Augusto Heleno, general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa
Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência
O procurador-geral pontua que Bolsonaro, “no exercício do cargo mais elevado da República, instrumentalizou o aparato estatal e operou, de forma dolosa, um esquema persistente de ataques às instituições públicas e ao processo sucessório”, sendo considerado o “principal articulador e maior beneficiário” do planejamento golpista.