Um administrador de uma empresa do ramo de panificação de Fortaleza foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por assédio sexual contra as funcionárias do estabelecimento. Além de assédio, ele também vai responder por constrangimento ilegal, importunação sexual e outros três crimes.
O caso veio à tona no início de maio, após uma ex-funcionária registrar um boletim de ocorrência, no fim de abril, contra Francisco Lopes Pinheiro Filho, de 56 anos, que trabalha há mais de 15 anos na panificadora. Após isso, outras funcionárias compareceram à Delegacia de Defesa da Mulher e relataram episódios semelhantes.
Segundo as vítimas, ele fazia comentários sobre o corpo das mulheres, falava do tamanho dos seios das funcionárias, perguntava da calcinha delas e, no caso de candidatas a um emprego, antes de contratá-las, ele pedia fotos em que elas estivessem com pouca roupa.
Elas relataram que as situações de assédio ocorriam diariamente, sobretudo com quem frequentava a área administrativa da empresa, onde ele trabalha. As mulheres dizem que ele se valia da posição que ocupava para ameaçar as funcionárias caso não fizessem o que ele ordenasse.
As mulheres contam que ele tinha o costume de pedir para "estalar" as costas das mulheres, ocasião que aproveitava para tocar o corpo delas. Também era costumeiro ele se referir a elas com palavras de baixo calão.
"Às vezes eu entrava na sala dele para ele assinar algum documento, alguma coisa, e ele apalpava meus seios por cima da minha farda, por cima da minha blusa. Aconteceu isso várias vezes e eu me fazia de doida, fingia demência e saía de lá totalmente constrangida. E ele só fazia rir e chamava de gostosa", relatou uma das funcionárias.
Após o início das investigações, no fim de abril, algumas funcionárias que ainda trabalhavam no local disseram ter sido coagidas a testemunhar a favor de Francisco Lopes. A advogada de defesa de duas das vítimas afirmou que, segundo o relatório da Polícia Civil, as imagens de câmeras de segurança do escritório foram descartadas.
O inquérito policial foi concluído no dia 7 de julho e remetido ao Ministério Público do Ceará, que na última quarta-feira (16) denunciou o administrador pelos seguintes crimes:
Em nota, a defesa de duas das vítimas afirmou que "busca a responsabilização criminal do agressor e a trabalhista da empresa empregadora, como medidas de reparação às vítimas e de justiça contra a violência de gênero no ambiente de trabalho."
Em um primeiro contato, em maio deste ano, a defesa do administrador negou as acusações e afirmou ter incluído na investigação várias testemunhas que comprovam a boa índole do homem.
Em nova nota enviada nesta sexta-feira (18), a defesa do administrador afirmou que está acompanhando o desdobramento do caso na Justiça, que vai prestar os esclarecimentos necessários e disse que "nenhuma manifestação adicional será dada aos meios midiáticos, justamente para preservar a lisura processual".
A empresa para a qual o acusado trabalha disse que disse não tolerar as condutas descritas e afirmou estar colaborando com a investigação.