A Polícia Civil indiciou 47 pessoas suspeitas de integrar um grupo criminoso especializado no golpe do falso advogado. Segundo as investigações, os suspeitos fingiam ser advogados na internet e teriam feito pelo menos 20 vítimas. O prejuízo causado pelos investigados soma cerca de R$ 150 mil.
Os nomes dos indiciados não foram divulgados, por isso o g1 não conseguiu contato com as defesas deles.
O inquérito foi finalizado na manhã desta quarta-feira (23) pela Divisão Especializada de Repressão a Crimes Cibernéticos de Palmas. Os investigados irão responder pelos crimes de estelionato mediante fraude eletrônica, lavagem de capitais, falsa identidade e organização criminosa.
O caso foi aberto no início de 2024, após 20 pessoas denunciarem que foram enganadas por criminosos que fingiam ser advogados na internet. Segundo a polícia, as vítimas moram em Palmas e seis delas são idosas, que tiveram seus patrimônios atingidos.
O inquérito faz parte da Operação Espada de Themis, que foi realizada no dia 10 julho de 2025 em cidades dos estados do Ceará e Alagoas.
Foram cumpridos 10 mandados de prisão temporária e nove de busca domiciliar. Posteriormente, as prisões temporárias foram convertidas em preventivas pela 4ª Vara Criminal da Comarca de Palmas.
Segundo a polícia, sete pessoas foram presas na operação e outras três permanecem foragidas. O inquérito policial foi remetido ao Poder Judiciário e Ministério Público do Tocantins.
Durante a investigação, a Polícia Civil identificou que o grupo atuava em três etapas e que os dados das vítimas eram obtidos por meio de consultas a processos públicos.
Na etapa de preparação, a primeira, os suspeitos faziam a triagem das vítimas ao consultarem sistemas informatizados de processos judiciais e administrativos. Eles pesquisavam advogados ou escritórios de advocacia como filtro.
Também escolhiam, segundo a polícia, demandas em que a pessoa pedia o levantamento de valores. O próximo passo era habilitar formas de contato como se fossem advogados ou escritórios de advocacia, criando contas no Whatsapp, linhas telefônicas e até e-mails.
Com os alvos selecionados, eles partiam para a segunda etapa, onde entravam em contato com as vítimas e com as informações sobre o processo judicial, se identificavam como o escritório de advocacia que foi contratado pela pessoa.
Nessa etapa do esquema eles também explicavam às vítimas que seria necessário o pagamento de custas/taxas processuais, para que fosse expedido um suposto alvará, 'visando o levantamento dos valores obtidos com o "ganho de causa"’.
Na terceira etapa, o grupo fazia a pulverização dos ganhos ilícitos, ou seja, assim que as vítimas faziam os pagamentos, os suspeitos direcionavam o dinheiro para contas bancárias de "laranjas", que as cediam em troca de uma comissão.
Com as variadas transações bancárias feitas pelo grupo, era mais difícil identificar qual a origem do dinheiro conseguido por meio esquema. Por fim, os valores eram repassados aos líderes do grupo criminoso, informou a polícia, durante uma coletiva de imprensa com a presença do secretário de segurança pública, Bruno Azevedo, e do delegado-geral da PC-TO, Claudemir Luiz Ferreira.