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Aumenta para 284 o número de cavalos mortos em caso inédito de ração tóxica, diz Ministério da Agricultura

Fabricante é proibida de produzir ração também para outros animais, após decisão judicial ser revogada.

Rita de Cássia
Por: Rita de Cássia Fonte: G1
24/07/2025 às 11h35
Aumenta para 284 o número de cavalos mortos em caso inédito de ração tóxica, diz Ministério da Agricultura
Foto: Reprodução

Sobe para 284 o número de cavalos mortos após comerem ração contaminada por uma substância tóxica, informou o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), nesta quarta-feira (23). O caso inédito vitimou animais nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas.

Também nesta quarta-feira, foi revogada a decisão judicial que autorizava a fabricante Nutratta Nutrição Animal Ltda a produzir e comercializar rações, ainda que não destinadas a cavalos.

Com isso, volta a valer a suspensão cautelar imposta pelo Ministério até que a empresa comprove a correção de todas as irregularidades apontadas pela fiscalização. Segundo a pasta, isso não ocorreu até o momento.

Em todas as propriedades investigadas os equinos que adoeceram ou vieram a óbito consumiram produtos da empresa. Já os animais que não ingeriram as rações permaneceram saudáveis, mesmo quando alojados nos mesmos ambientes.

“Esse é um caso único. Nunca, em toda a história do ministério, havíamos identificado a presença dessa substância em ração para equinos. É a primeira vez que isso acontece”, afirmou o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart.

O g1 procurou a Nutratta sobre a revogação da decisão judicial, mas não obteve uma resposta até a última atualização desta reportagem.

Os casos têm sido investigados desde o recebimento da primeira denúncia, em 26 de maio.

Os resultados das amostras coletadas e analisadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) constataram a detecção de alcaloides pirrolizidínicos, que são substâncias altamente tóxicas a animais.

“Essa substância, mesmo em doses muito pequenas, pode causar problemas neurológicos e hepáticos graves. A legislação é clara: ela não pode estar presente em nenhuma hipótese”, reforçou o secretário.

A investigação aponta que a contaminação ocorreu por falha no controle da matéria-prima, que continha resíduos de plantas do gênero crotalaria, responsáveis pela geração da substância.

Segundo o Ministério, esse componente altera o DNA celular e causa danos ao fígado, com efeitos que variam conforme a dose, o tempo de exposição e a condição do animal.

O Ministério informou que ainda aguarda os resultados de análises de outros lotes de ração produzidos e de lotes de matérias-primas envolvidas para definir os próximos passos da investigação.