A idosa que estava em condição análoga à escravidão há 37 anos e foi resgatada por auditores fiscais do trabalho na cidade do Crato, Cariri cearense, não tinha contato com a família há quase três décadas, não recebia salário nem tinha folgas ou férias. A vítima é do Piauí.
A mulher de 61 anos era submetida a atividades como varrer a casa, lavar roupas, cozinhar, cuidar dos animais, além de auxiliar nos cuidados de outra idosa após o horário de trabalho de uma trabalhadora doméstica que era remunerada.
A idosa trabalhava de domingo a domingo, de 5h até 22h. De acordo com Daniel Area, auditor-fiscal do trabalho do Ministério do Trabalho, a idosa também não tinha quarto ou banheiro particular e dormia no mesmo espaço que a sua empregadora.
"Sendo privada de qualquer intimidade ou privacidade, sendo ceifada a sua vida privada. Diante disso, a fiscalização fez esse resgate e a encaminhou para um abrigo temporário. Em seguida, ela retornou para sua família em outro estado do Brasil", explicou Daniel.
De acordo com a Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (DETRAE), a idosa foi encontrada em uma residência na zona rural do município no dia 15 de julho.
A operação contou com apoio da Polícia Federal, do Ministério Público do Trabalho e do Centro de Referência de Direitos Humanos do município do Crato.
Após o resgate, os fiscais emitiram a guia de “Seguro-Desemprego Especial do Trabalhador Resgatado”. Dessa maneira, a vítima vai receber três parcelas de um salário mínimo.
A família que mantinha a idosa no trabalho análogo à escravidão foi notificada, mas não quitou as verbas rescisórias. Até o momento, não há informações de que alguém tenha sido preso. O Ministério Público vai tomar providências para garantir os direitos da vítima.