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Empresa é interditada em Fortaleza por suspeita de falsificar medicamento usado no tratamento de câncer

A circulação de versões adulteradas pode comprometer a eficácia dos tratamentos e provocar eventos adversos graves

Rita de Cássia
Por: Rita de Cássia Fonte: GC Mais
16/08/2025 às 09h36
Empresa é interditada em Fortaleza por suspeita de falsificar medicamento usado no tratamento de câncer
Foto: Reprodução / Agefis / Prefeitura de Fortaleza

A Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) interditou, na manhã desta sexta-feira (15), uma distribuidora de medicamentos localizada no bairro Joaquim Távora, em Fortaleza, suspeita de comercializar versões falsificadas e sem registro no Brasil do imunoterápico Keytruda (pembrolizumabe), usado no tratamento de diversos tipos de câncer. A ação fez parte de uma operação conjunta com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), a Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) e a Polícia Civil.

O alvo é uma rede que, segundo as investigações, distribuía e vendia medicamentos falsificados para hospitais e clínicas. O Keytruda original é um fármaco de alto custo indicado para o tratamento de cânceres como melanoma, pulmão, cabeça e pescoço, esôfago e linfoma de Hodgkin clássico. A circulação de versões adulteradas pode comprometer a eficácia dos tratamentos e provocar eventos adversos graves.

A operação teve início após a Anvisa receber, em junho deste ano, uma denúncia de um hospital em Palmas (TO) sobre irregularidades no lote SO48607 do medicamento. O hospital relatou ausência de informações sobre lote e validade na nota fiscal, falhas no transporte, como ausência de controle de temperatura, e embalagens divergentes das originais. A distribuidora responsável não respondeu aos pedidos de esclarecimento e teve a comercialização suspensa. A detentora do registro no Brasil, a Merck Sharp & Dohme, informou que não reconhecia o lote, que tinha rótulo em inglês e selo de segurança falsificado, com efeito holográfico e inscrições em árabe.

Na última quarta-feira (13), fiscais da Vigilância Sanitária da Agefis, Anvisa e Sesa foram ao local, mas tiveram a entrada negada por um funcionário. A recusa levou à interdição preventiva da empresa até o fim das investigações. O funcionário foi conduzido à Polícia Civil para prestar depoimento. Para garantir o acesso ao estabelecimento e verificar as mercadorias, foi necessário um mandado judicial, cumprido nesta sexta-feira (15), às 5h40, com apoio das forças de segurança.

Durante a vistoria, foram encontrados diversos lotes de Keytruda suspeitos de falsificação, além de medicamentos sem registro na Anvisa, com validade vencida e armazenados de forma inadequada. Também havia medicamentos biológicos irregulares e notas fiscais que indicam venda de produtos sem registro sanitário. Segundo a Anvisa, a falta de registro impede a comprovação da eficácia e segurança do medicamento, além de não permitir verificar a procedência e as condições de fabricação.

A falsificação de medicamentos, especialmente os chamados “life saving”, essenciais para salvar vidas, é crime hediondo previsto no Código Penal, com pena de 10 a 15 anos de prisão. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil.