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A cruz não é derrota, é vitória. Jesus nos amou de tal forma que entregou Sua vida por nós

Confira a coluna do padre Reginaldo Manzotti

Redação AVSQ
Por: Redação AVSQ
10/09/2025 às 23h30
A cruz não é derrota, é vitória. Jesus nos amou de tal forma que entregou Sua vida por nós

Filhos e filhas,

Estamos em meados de setembro, prestes a celebrar a Festa da Exaltação da Santa Cruz, no dia 14, e no dia seguinte, a memória de Nossa Senhora das Dores. À primeira vista, pode parecer estranho celebrar a cruz e o sofrimento, mas a festa não se resume a isso! A cruz não é derrota, é vitória. Jesus nos amou de tal forma que entregou Sua vida por nós.

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Na cruz, vemos a entrega radical de Deus que, feito homem, assumiu nossa condição e venceu a última barreira: a morte. A cruz está vazia, porque Cristo ressuscitou, e é esse amor sem medidas que celebramos. Um amor que não conhece limites, que se manifesta também nas Santas Chagas de Jesus. Tanto que a cruz da imagem de Jesus das Santas Chagas é representada na cor dourada e resplandecente, ou seja, está exaltada, sendo transformada em estandarte da vitória.

Cada Chaga é sinal do preço pago por nossa salvação e expressão desse amor que se doa até o fim. E é desse amor que a alma humana tem sede, porque Deus nos amou primeiro. Dentro de nós existe essa fome do Criador, porque fomos feitos à Sua imagem e semelhança, somos um desdobramento Dele. E, como extensão do Seu amor, carregamos em nossa essência o desejo de voltar ao Seu encontro. É por isso que, diante da cruz e das Santas Chagas, sentimos um apelo profundo: elas revelam nossa saudade de Deus, nossa busca por Ele.

O Salmista traduz essa sede interior: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus?” (Sl 42,3). A cruz é justamente esse caminho de encontro com a face amorosa do Senhor. Ela nos lembra que somos chamados a ir além da dor, enxergando nela a vitória da vida nova.

Como escreveu São João da Cruz: “Buscando meu Amor, meu Amado, vou por montes e vales, sem temer mil perigos”. Aliás, o próprio São João da Cruz, doutor da Igreja, místico, escritor e poeta, transformou todas as cruzes de sua vida em meios de santificação para si e para os irmãos.

São João da Cruz pediu três coisas a Deus e acabou recebendo: primeiro, dar-lhe força para trabalhar e sofrer muito; segundo: não o fazer sair deste mundo como superior de uma comunidade; e terceiro: deixá-lo morrer desprezado e escarnecido pelos homens. E assim aconteceu, João da Cruz faleceu após uma penosíssima enfermidade, em 1591, com 49 anos de idade.

Quero ressaltar que não estou fazendo um louvor ao sofrimento, mas inspirado na Cruz de Cristo, aprender que a dor pode ser pedagógica. Ela nos ensina. Todos querem seguir ao Senhor Glorioso. Poucos são aqueles que querem seguir ao Senhor Crucificado.

Diante de uma dor, nossa primeira reação é a de negar este sofrimento. E, logo em seguida, o segundo passo é o do “por quê” que deve nos levar ao próximo passo: “para que”. É preciso descobrir, dentro deste mistério que é o sofrimento humano, a razão pela qual enfrentamos determinada dor. Oferecê-la, dar um sentido como nos ensinou São João da Cruz e claro o próprio Jesus, porque: “Por suas Santas Chagas, somos curados”.

Que Nossa Senhora das Dores, que permaneceu fiel aos pés da cruz e contemplou as Chagas do Filho, nos ensine a viver essa entrega e nos ajude a encontrar em Jesus a vitória que vem depois da cruz.