O Tribunal do Júri do Fórum do Gama condenou, nesta terça-feira (23), Wallison Felipe de Oliveira, a 67 anos, 6 meses e 14 dias de prisão em regime fechado pelo feminicídio de sua ex-companheira, Juliana Soares, morta em agosto de 2024. A sentença considerou também as tentativas de homicídio contra a mãe e a filha da vítima.
Os jurados acolheram integralmente as qualificadoras apresentadas pela promotoria: motivo torpe, por não aceitar o fim do relacionamento; meio cruel, já que o acusado passou várias vezes com o carro sobre a vítima, causando fraturas múltiplas; crime praticado contra mulher por razões de gênero em contexto de violência doméstica; e recurso que dificultou a defesa das vítimas, que foram surpreendidas pelas manobras repentinas e violentas.
Durante o crime, Wallison também tentou matar a filha de Juliana, de apenas 5 anos, e a mãe dela, uma idosa. Essas circunstâncias agravaram a pena, pois envolveram vítimas consideradas especialmente vulneráveis.
Segundo o promotor de Justiça Daniel Bernoulli, o julgamento trouxe uma resposta exemplar da comunidade. “O júri demonstrou que não tolera feminicídios, sobretudo em um caso de perversidade extrema, que ameaçou três gerações de mulheres da mesma família. A decisão mostra que a Justiça está atenta e não se curva à violência de gênero”, destacou.
O caso chocou o Distrito Federal pela brutalidade. A vítima foi morta na frente da filha pequena e da mãe, o que, segundo o Ministério Público, evidencia não apenas crueldade, mas a intenção de exterminar simbolicamente toda a linhagem feminina daquela família.
Wallison, agora condenado, deverá cumprir a pena em regime fechado e só poderá pleitear progressão após décadas de reclusão. Para familiares de Juliana, a sentença representa um alívio, embora não apague a dor.