
Ajudar um amigo ou familiar é um ato nobre, mas quando essa ajuda envolve "emprestar o nome" para a realização de um empréstimo, ela pode se transformar em uma grande dor de cabeça financeira. A prática é o principal motivo de endividamento no Ceará, segundo pesquisa da Serasa.
De acordo com o estudo, 25% dos cearenses endividados afirmam que a situação foi causada por empréstimos feitos para terceiros, a conhecida prática de "emprestar o nome". O desemprego e a falta de controle financeiro também aparecem como causas comuns no estado, onde o endividamento já atinge mais de 3,5 milhões de pessoas no estado.
Em entrevista ao Bom Dia Ceará, Wandemberg Almeida, presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE), alertou sobre os perigos dessa atitude. "Quando você empresta seu nome para alguém, você está se comprometendo com aquela dívida no lugar da outra pessoa. Isso é um risco, porque você pode acumular dívidas, você pode acumular altas taxas de juros", explicou.
O economista destacou que as consequências podem ser duradouras. "Isso pode comprometer a sua vida financeira no decorrer dos anos. Isso pode até fazer com que você não consiga adquirir novos bens por conta que você emprestou no dia para terceiro."
A situação se agrava quando o empréstimo envolve cartão de crédito. "Quando você começa a emprestar, você vai perdendo o seu limite. Você vai perdendo, digamos, o seu contato mais próximo com outras áreas, com outras instituições financeiras, porque você começa com isso que fica negativado", afirmou Wandemberg. "E a negativação atrapalha a questão de você adquirir bens, com o seu próprio imóvel, seu carro próprio."
Outros dados da Serasa ilustram a gravidade do endividamento no estado:
Para quem quer ajudar sem colocar o próprio nome em risco, Wandemberg Almeida tem uma recomendação. "É importante que você ajude ele de uma outra maneira, sem ser essa questão financeira." Se a decisão de emprestar o nome for inevitável, ele aconselha a formalização. "Que você procure reconhecer, que você procure criar um contrato, formalizar todo esse processo, até para que ele possa reconhecer essa dívida no futuro."
Para aqueles que já estão com o orçamento comprometido, a orientação é priorizar as renegociações. "Procure priorizar somente as contas básicas e contas que tenham juros mais altos, somente com juros de cartão de crédito, que hoje chega a mais de 400%", disse o presidente do Corecon-CE.
Ele também recomenda entrar em contato com as empresas credoras para renegociar as dívidas e "conseguir colocar uma parcela dentro do seu orçamento". O controle é fundamental: "adequar o seu orçamento de acordo com, realmente, com as suas reais necessidades. Não procurar extrapolá-las para que isso não vire uma bola de neve e aumentar ainda mais o seu endividamento."