
As irmãs Francisca de Fátima Machado de Sousa, 65, e Antonieta Machado de Sousa, 56, morreram a tiros em Fortaleza no dia 4 de setembro, após denunciarem integrantes do Comando Vermelho (CV) durante a investigação do homicídio de um familiar, conforme a Polícia Civil e o Ministério Público do Ceará (MPCE).
As duas estavam na calçada de uma farmácia na Avenida Presidente Castelo Branco, no Pirambu, quando quatro homens se aproximaram e dispararam diversas vezes.
Fátima recebeu nove tiros, enquanto Antonieta foi atingida oito vezes. Elas morreram no local.
De acordo com o MPCE, o Comando Vermelho decidiu matar as duas porque elas colaboraram com a investigação que apurava a morte de Antônio Carlos Machado de Sousa, filho de Fátima e sobrinho de Antonieta, assassinado em 18 de agosto.
O Ministério Público denunciou quatro suspeitos e a Justiça transformou todos em réus:
O espaço segue aberto para as defesas dos acusados.
Gabriel Lima dos Santos, 21, preso no Pirambu pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), participou diretamente da execução, segundo o MPCE. Ele já respondia por homicídio, organização criminosa e corrupção de menores.
Além disso, mensagens apreendidas com autorização judicial mostram que Gabriel e Davi planejavam o crime. Em um dos trechos, Gabriel afirmou que “vai ser sal”, expressão usada para indicar que a ação daria certo.
Também em conversa obtida pela investigação, ele disse:
“Ei, é mesmo essas duas bixa pirangueira é? Bé isso, matar elas mais rápido mah, pra voltar pro corre, matar elas eu volto pro corre, só tá empatando mesmo essas bixa ai”.
Os investigadores já haviam prendido Davi Lucas poucas horas depois do crime, apesar de ele cumprir monitoramento por tornozeleira eletrônica.
Enquanto isso, o MPCE aponta que Vanderson da Silva Neves, o B2, coordenou o grupo e repassou a localização das vítimas. Em áudio enviado aos executores, ele disse:
“Dá atenção viado, tava as duas aqui agora (…) aí eu ligo pra tu aí mah, pra tu acionar os pivete”.
Por outro lado, o adolescente que participou do crime morreu em uma intervenção policial no dia 6 de outubro.
As investigações mostram que Francisco Teixeira Parente, o Mongol, ordenou o duplo homicídio.
Ele comandava ações do Comando Vermelho no Grande Pirambu, mesmo escondido no Rio de Janeiro e com mandado de prisão em aberto.
Mongol morreu durante uma megaoperação da polícia fluminense nos complexos do Alemão e da Penha, realizada em outubro.
Segundo a denúncia do MPCE, ele afirmou em mensagens interceptadas: “Vai morrer todas duas, meu fi. Tá pensando o quê, elas? Pensando que ia ficar assim, elas, é?”
E continuou: “Dei mesmo só um tempo, mesmo, só pra acalmar a morte do safado lá, pra depois nós pegar elas (…) Agora é a vez delas”.
Além disso, o Ministério Público concluiu que Mongol exercia posição de comando e determinava quem executaria cada ação criminosa. Após cumprir as ordens, os subordinados se reportavam a ele para confirmar o resultado.