Começo meu artigo com essa reflexão para que participemos da Semana Santa, do Tríduo Pascal, empenhados nesse sentido, para não participar apenas de ritos da Igreja, e sim de uma Semana Santa com Cristo. Em cada Páscoa somos chamados a permitir que o processo de santificação aconteça em nós.
Aquele que reviveu o filho da viúva de Naim, que chamou Lázaro de volta a vida, que curou os enfermos, que fez os cegos enxergarem, os surdos ouvirem, o Filho de Deus morreu desacreditado e caluniado. Todas as injúrias lhe foram atribuídas em um júri injusto. Houve falsas testemunhas, torturas, açoites, escárnio até a coroação de espinhos e a crucificação.
Jesus foi crucificado às nove horas da manhã e morreu às três da tarde. Apesar do esgotamento, a dor física não foi tanto quanto a psíquica e emocional. Ele passou por toda humilhação sentindo o profundo silêncio de Deus, sentindo-se abandonado como filho, grita: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27,46; Mc 15,34)
Deus nunca abandonou Jesus; silenciou, mas não o desamparou. A dor, o sofrimento, a agonia de Jesus eram tantos, pois os pecados do mundo pesavam sobre Ele, que se sentiu sozinho. Um único sinal de Deus é descrito pelos Evangelistas Marcos, Lucas e Mateus: “Desde o meio-dia até às três horas da tarde houve escuridão sobre toda a Terra” (Mt 27,45; Mc 13,33; Lc 23,45). Lucas, em seguida narra o restabelecimento da confiança filial de Jesus no Pai. Ele morre chamando Deus de Pai: “Pai em Tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46).
Muitas vezes, também nós em meio às tribulações e sofrimentos, por não entender o silêncio de Deus, nos sentimos desamparados e não compreendemos que jamais nossos sofrimentos serão maiores que os de Jesus, portanto, olhemos para Ele e como Ele, mesmo na ilusória ausência e no silêncio de Deus, coloquemos Nele toda nossa confiança e esperança.
A ressurreição de Jesus é a resposta de Deus. Jesus, mesmo não querendo a cruz, teve que aprender por Ele mesmo o que significa a palavra obediência e passar pelo esvaziamento e até pelo aniquilamento. E Deus respondeu, o que estava morto voltou à vida. Não existe outro caso. Ele é o único na história ressuscitado por obra do Pai.
O que tinha acabado e parecia impossível aconteceu, a pedra rolou e Deus tirou Seu Filho da morte. É a resposta para Jesus e para a humanidade.
É isso que celebramos na Pascoa, êxodo, mudança, saída, caminho, libertação, ressurreição! Jesus Ressuscitou! Ele está vivo no meio de nós. Caminhemos à luz do Ressuscitado.
Padre Reginaldo Manzotti