Segundo o último levantamento realizado pela Prefeitura de Santa Quitéria, no município existem 94 alunos autistas matriculados nas escolas municipais. A Escola Deputado Chico Figueiredo, no bairro Pereiros, concentra o maior número destes alunos.
As crianças autistas do município tem acesso ao acompanhamento com uma equipe multidisciplinar através da Casa Amiga da Criança, e nas escolas são acompanhados por psicopedagogos que elaboram o Plano Educacional Individualizado (PEI), que tem como objetivo melhorar as habilidades de aprendizado do aluno, com base na necessidade de cada um, e cuidadores específicos para auxiliar as crianças.
Entretanto, as dificuldades enfrentadas para chegar ao diagnóstico do autismo das crianças e o acompanhamento das mesmas em Santa Quitéria continua sendo algo constante, mesmo após o aumento de casos no município.
Para Evanda Mendes, especialista em psicopedagogia clínica e institucional, “um dos maiores desafios para o diagnóstico preciso é a ausência de profissionais na área de atendimento pediátrico, como, por exemplo, neuropediatra e psiquiatra infantil. Esses profissionais são necessários para a avaliação, acompanhamento e obtenção de laudos, mas infelizmente, são escassos e muitas famílias não possuem condições financeiras para buscar atendimento particular”.
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Grupo Mães Atípicas em manifestação - Foto: arquivo pessoal |
A falta desses profissionais pode prejudicar o desenvolvimento pleno da criança autista, que geralmente enfrenta mais dificuldade em se relacionar socialmente. Essa é uma das principais queixas do grupo de mães atípicas (mães de crianças que possuem algum tipo de transtorno) de Santa Quitéria. “Falta contratar mais multiprofissionais porque a demanda é muito grande e eles não conseguem promover um bom trabalho [tratamento] porque são muitas crianças”, afirma Naara Mesquita, integrante do grupo.
Ainda segundo Naara, a falta de medicação e cuidadores nas escolas também é uma carência da realidade das crianças autistas do município.
O grupo Mães Atípicas foi criado para buscar a melhor qualidade de vida para as crianças e já conta com 75 mães quiterienses residentes de todas as localidades do município. O objetivo do grupo é a inclusão das crianças e de suas famílias na sociedade através de ações de conscientização e capacitação.
Segundo Elizabeth Lima, coordenadora de educação especial, além do acompanhamento na Casa Amiga da Criança, a Secretaria de Educação vem realizando ações nas escolas municipais para inclusão dos autistas. “A gente não pode ignorar as diferenças a gente precisa aceitar e conviver bem com as diferenças”, disse.
Pessoas com TEA ainda encontram diversos obstáculos, entretanto, é através da inclusão que esse público pode ser inserido na sociedade, com atividades especifica de inserção e um diálogo aberto para desmistificar o transtorno.