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Brasil registrou 811 óvnis em oito décadas de histórias sobre discos voadores e ETs

Com longa tradição de avistamentos relatados, Brasil não tem nenhum órgão oficial de análise de anomalias, como o recém-criado escritório dos EUA

Thiago Rodrigues
Por: Thiago Rodrigues Fonte: Extra
13/08/2023 às 14h07 Atualizada em 26/08/2023 às 23h11
Brasil registrou 811 óvnis em oito décadas de histórias sobre discos voadores e ETs
Foto: Secretaria de Cultura

Luiz Silva, de 69 anos, estava em um bar de Santos, em 1986, quando um silêncio tomou conta do lugar. O estabelecimento fica no alto de um pico, virado para o litoral. Naquela noite, ele conta, todos viram o momento em que um objeto do tamanho de um ônibus de dois andares riscou o céu em altíssima velocidade, iluminado por luzes vermelhas em direção ao continente. Foi o assunto da festa. Para ele, não havia dúvidas: eram seres de outro mundo.

— Foi o assunto da noite. Eu já acreditava, mas esse dia me deu certeza — lembra.

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Aquele momento marcou a história da ufologia mundial. A chamada “Noite Oficial dos Óvnis” seria o caso com maior número de testemunhas da ufologia no planeta Terra (de outros, não temos notícia… ainda) e virou assunto no país todo com pelo menos 50 aparições em dez estados, caças da Aeronáutica correndo, em vão, atrás dos objetos voadores não identificados e até uma coletiva de imprensa dos militares em que explicaram que não tinham explicação para o que aconteceu.

— Vinte e um desses óvnis foram captados por radares da Força Aérea Brasileira. Oficialmente, cinco caças decolaram para tentar identificar esses objetos, mas hoje sabemos que outros caças e um helicóptero da FAB também se envolveram — diz Jackson Camargo, gestor em tecnologia da Informação, ufólogo influente no país e autor de “Noite Oficial dos óvnis”. — O Brasil é um dos países com maior índice de avistamentos registrados anualmente. Aqui ocorrem casos dos mais diversos tipos, muitos deles com comprovações visuais, físicas, fisiológicas e eletromagnéticas e grande quantidade de testemunhas.

Aeronáutica, Agência Espacial Brasileira e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais informaram não possuir órgão com função semelhante ao AARO dentro da burocracia estatal brasileira. Os militares até registram avistamentos de óvnis relatados. Há, inclusive, um formulário específico para esses relatos. Nele, há perguntas como, por exemplo, se foi um “avistamento” ou um “contato imediato”, e o comportamento do objeto voador, se estava “parado, deslocando, em zigue-zague”.

Procurada, a Aeronáutica não respondeu se a falta de investigação de óvnis pode comprometer a segurança nacional em casos nos quais esses objetos voadores forem, porventura, drones ou outros veículos irregulares, estrangeiros ou de espionagem. A ufologia é um campo de investigação de OVINs, que podem ser qualquer objeto não identificado, e os poucos estudos científicos no mundo sobre o assunto ficam em geral a cargo de físicos e astrofísicos.

O conjunto de documentos sobre óvnis foi o sétimo mais acessado, em 2023, no Arquivo Nacional. Entre 1952 e 2019 (último ano com registros enviados pela Aeronáutica), houve 811 óvnis documentados e disponíveis para consulta. Esses registros são feitos majoritariamente por pilotos. E menos por pessoas que já têm alguma iniciação em ufologia.

Um desses documentos é o relato de um advogado de Santos que, em 1956, contou ter sido abduzido por seres “altos, claros, louros, de olhos claros e serenos”. Outro é de 1952, o primeiro avistamento que consta no Arquivo Nacional, por dois jornalistas na Praia da Barra da Tijuca, no Rio.

Outra estrela que consta no Arquivo Nacional é a coletânea a respeito da “Operação Prato” — o documento mais buscado pelos interessados por óvnis no Brasil. Em 1977, ocorreu uma onda de avistamentos em Colares, no Pará, que durou meses, com uma enorme quantidade de testemunhos diretos. Foi o único episódio declaradamente investigado pelo governo brasileiro por conta de relatos de natureza agressiva, em que pessoas teriam sido feridas ou até mortas.