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Golpes digitais em alta: WhatsApp lidera estatísticas de plataforma mais citada em boletins de ocorrência

Dados recentemente divulgados revelam mais de 75 mil casos de crimes digitais e estelionato entre janeiro de 2019 e abril de 2023

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30/10/2023 às 14h30
Golpes digitais em alta: WhatsApp lidera estatísticas de plataforma mais citada em boletins de ocorrência
Foto: Divulgação

Os crimes digitais estão proliferando, com o WhatsApp liderando as estatísticas de golpes no estado de São Paulo. Dados recentemente divulgados revelam mais de 75 mil casos de crimes digitais e estelionato entre janeiro de 2019 e abril de 2023. Essa é a primeira vez que esses números são tornados públicos, graças à Lei de Acesso à Informação.

Um incidente recente ilustra a gravidade da situação. Kenzo Yama, residente na capital paulista, recebeu uma mensagem “te amo” no WhatsApp de alguém que se passava por sua mãe. Entretanto, o número de telefone suspeito levantou suas dúvidas, levando-o a agir. Yama solicitou dinheiro ao estelionatário, que prontamente desistiu da conversa. Sua história, acompanhada por capturas de tela da conversa, foi compartilhada no Reddit como um alerta para outros.

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Yama não está sozinho. Mais de 9.645 pessoas em São Paulo caíram em golpes semelhantes no WhatsApp, tornando essa plataforma a mais afetada. O Instagram, o Facebook e outros aplicativos de mensagens e relacionamento também estão na mira dos criminosos, com 8.061, 1.229, 1.083 e 75 casos relatados, respectivamente.

Uma das principais preocupações é a falta de uma metodologia clara para classificar esses crimes digitais, pois muitos deles não são definidos em termos de espaço físico ou digital. “Outros” (31.427) e “via pública” (13.429) são as categorias de local mais mencionadas. Em casos de roubo de identidade, criminosos frequentemente coletam informações das redes sociais das vítimas para se passarem por parentes ou amigos.

Outros golpes comuns no WhatsApp envolvem a divulgação de links maliciosos e ofertas de empregos falsas. Na cidade de São Paulo, que responde por 31% dos boletins de ocorrência, o Instagram é a plataforma mais atingida, com 2.562 casos relatados, seguido pelo WhatsApp, com 2.047 casos. Esses números são notáveis, considerando que a capital representa apenas 25,78% da população do estado, de acordo com o censo de 2022.

No Instagram, os criminosos roubam identidades, usam deep fakes (vídeos falsos que parecem reais) para promover investimentos fraudulentos e se passam por “sugar daddys” para atrair vítimas. Além disso, eles usam a rede social para direcionar vítimas a links maliciosos e coletar transferências sob o pretexto de negócios lucrativos.

Os dados também revelam um aumento significativo nos crimes digitais em abril de 2020, quando quase triplicaram em relação ao mês anterior, coincidindo com o início do isolamento social devido à pandemia de Covid-19. A Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil só foi inaugurada em dezembro de 2020, indicando uma subnotificação anterior.

Um dos desafios enfrentados no combate aos crimes digitais é a subnotificação. Muitas vítimas não reconhecem o golpe como um crime ou duvidam da capacidade da polícia para solucioná-lo. Entre janeiro de 2019 e abril de 2023, apenas oito em cada dez mil casos de crimes digitais foram registrados em flagrante, diminuindo as chances de uma investigação bem-sucedida.

As autoridades recomendam que as vítimas registrem boletins de ocorrência em caso de golpes digitais e adotem medidas de segurança, como a autenticação em duas etapas no WhatsApp. Além disso, a escolha criteriosa de quem pode ver a foto de perfil nas redes sociais é aconselhada para evitar que criminosos a utilizem de forma indevida.

A legislação brasileira abrange uma série de crimes digitais, incluindo a invasão de dispositivos, a comercialização de informações vazadas, a interrupção de serviços de utilidade pública, a falsificação de documentos e cartões, bem como o estelionato eletrônico. A idade das vítimas e o escopo internacional das operações também agravam as penas.

O desafio de combater os crimes digitais é evidente, mas a conscientização e o registro de ocorrências são passos essenciais para lidar com esse problema crescente. É fundamental que as vítimas denunciem esses crimes e auxiliem as autoridades na coleta de evidências.