No ano passado, em outubro, o Brasil enfrentava um desafio significativo com a oitava morte registrada devido à varíola dos macacos (Mpox), colocando-o como o segundo país com mais casos de infecção em todo o mundo. Em resposta a essa situação, o Ministério da Saúde tomou medidas adquirindo 50 mil unidades de uma recém-lançada vacina, o imunizante Jynneos, produzido pelo laboratório dinamarquês Bavarian Nordic. No entanto, um ano após a compra, apenas 21,9 mil doses foram aplicadas, e o restante permanece sem uso devido à falta de procura.
A compra das 50 mil doses foi realizada por meio de uma parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que permite aquisições de vacinas a preços mais acessíveis. Em 2022, o Ministério da Saúde destinou R$ 227,5 milhões a esse fundo, abrangendo diversas vacinas, incluindo as destinadas à Mpox. Adicionalmente, um contrato no valor de R$ 25,2 milhões foi firmado com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para um estudo avaliativo sobre a efetividade da vacina Jynneos.
A campanha de vacinação, que teve início em março de 2023, visava principalmente pessoas com HIV, homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais com mais de 18 anos, profissionais laboratoriais em contato com o vírus e indivíduos pré-expostos ao vírus. A estratégia tinha como objetivo proteger os grupos de maior risco de contaminação e desenvolvimento de formas graves da doença, com um plano inicial de vacinação para cerca de 16 mil pessoas, totalizando 32 mil doses.
No entanto, servidores do Ministério da Saúde avaliam que a divulgação da campanha não foi eficaz em atingir o público-alvo. A baixa procura foi justificada pela pasta devido à redução de casos no país, restrição do público-alvo e a falta de demanda significativa dos estados pela vacina. O Ministério também ressaltou que em maio de 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a varíola dos macacos da lista de emergências em saúde pública de importância internacional.
A autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso da vacina Jynneos foi prorrogada por seis meses até fevereiro de 2024, após solicitação do Ministério da Saúde. Desde o primeiro caso de Mpox no Brasil em junho do ano passado, a doença afetou mais 10,9 mil pessoas, resultando em 16 mortes, de acordo com o último boletim epidemiológico lançado em julho. Atualmente, o país apresenta estabilidade nos casos desde dezembro, com indicadores de contaminação controlados.
Os sintomas da Mpox geralmente aparecem de seis a 21 dias após a exposição ao vírus, incluindo mal-estar e febre, seguidos por erupções na pele. A prevenção é crucial, envolvendo a evitar o contato com pessoas contaminadas, especialmente devido à alta transmissão por via sexual. O Ministério da Saúde afirmou que enviou uma nota técnica aos estados atualizando o público-alvo da estratégia de vacinação para Mpox e está trabalhando em ações para garantir a utilização de todas as doses dentro do prazo de validade.