A técnica cearense que aplica curativos de pele de tilápia em feridas será utilizada no tratamento de cavalos feridos nas enchentes no Rio Grande do Sul (RS). As principais lesões sofridas por esses animais estão localizadas nas patas e foram causadas pelo excesso de tempo que ficaram submersas na água.
No inicio do mês, foi enviado o primeiro lote dos insumos biológicos para o tratamento. Ao todo, 70 unidades foram mandadas para o estado gaúcho nesta primeira leva. No momento, mais de 300 peles estão sendo preparadas pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (UFC) para possível novo envio para o Rio Grande do Sul.
A pesquisa sobre o uso de pele de tilápia no tratamento de lesões humanas teve inicio em fevereiro de 2015, no Ceará, pelo médico cirurgião plástico e presidente do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), Edmar Maciel. A princípio, os estudos investigavam os efeitos do curativo biológico em queimaduras e, depois, em feridas, cirurgias ginecológicas e outras aplicações regenerativas.
Em outubro de 2020, a técnica foi utilizada nos animais feridos pelas queimadas que ocorreram no Pantanal, no Mato Grosso. Essa foi a primeira vez que a pele de tilápia foi aplicada para cicatrização de lesões em animais silvestres. O método já foi aplicado também em outros países.
A pele utilizada nos pacientes humanos e veterinários é retirada do peixe de água doce criado em cativeiro chamado tilápia-do-nilo, um animal de fácil reprodução e abundante no Nordeste. Atualmente, a maior parte das peles usadas na pesquisa vem do município de Itarema, no Litoral Norte, por meio do projeto Piscicultura Bomar.