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Inocentado 18 anos após ser preso suspeito de estupro e assassinato, homem diz que foi torturado para confessar crimes

Eurípedes Martins afirma que foi coagido a confessar os crimes cometidos entre 2004 e 2006 e ser apontado como suspeito.

24/09/2024 às 09h07 Atualizada em 24/09/2024 às 10h23
Por: Raflézia Sousa Fonte: G1
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TV Integração/Reprodução
TV Integração/Reprodução

Dezoito anos após estampar as páginas policiais do Triângulo Mineiro, Eurípedes Martins, O Oripão, de 58 anos, afirma que foi coagido através de violência física e psicológica para confessar os estupros e as mortes de cinco mulheres. Por conta das acusações, o carroceiro foi o único suspeitos dos crimes ocorridos entre 2004 e 2006 e apontado como "Maníaco de Araguari".

"Os detetives fizeram pressão psicológica em mim, me bateram para eu falar uma coisa que não fiz", disse Eurípedes em entrevista para a TV Integração.

Também à TV Integração, Paulo Braganti, o advogado de Oripão, explicou que não haviam ligações entre as vítimas e o cliente, que alegou nunca tê-las conhecido.

"Nós não sabemos porque ligaram o Eurípedes a esses casos, mas a gente sabe muito bem que a sociedade precisava de uma resposta. Acho que acabaram chegando nele, uma pessoa simples e humilde, porque alguém disse na cidade que a pessoa teria algumas características que poderiam parecer com as dele", afirmou.

"Não existem provas nos autos que levassem realmente à condenação do Eurípedes, porque na verdade não foi ele que cometeu nenhum desses delitos".

Eurípedes foi acusado do assassinato de cinco mulheres em 2006. Ele foi preso na época, mas solto em 2007 e, desde então, aguardava ao julgamento em liberdade. Os julgamentos começaram apenas em 2019, inicialmente em Araguari, quando Oripão foi absolvido do homicídio da adolescente Lara Rodrigues Caetano, de 13 anos, e morta em agosto de 2004. Pelo mesmo número de votos, o carroceiro foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.

À época, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou a confissão feita por ele ao ser preso em 2006. Segundo a defesa, contudo, ele foi coagido a confessar. A defesa alegou, ainda, que por conta de problemas físicos, Eurípedes não teria condições de cometer o crime. Após o julgamento, o Ministério Público de Minas Gerais protocolou recurso, porém, em 2022, a absolvição de Eurípedes foi mantida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Os julgamentos dos outros crimes foram transferidos para a cidade vizinha, Uberlândia, por meio de um processo de desaforamento, onde o julgamento de um crime passa para outra comarca, em vez de ser realizado na comarca de origem. A justificativa para a medida foi de garantia da idoneidade do julgamento, a segurança do acusado e o interesse público.

"Os julgamentos vieram parar em Uberlândia após um pedido do Ministério Público de Araguari. Tinha um entendimento na comunidade local de que o senhor Eurípedes não era o autor daqueles crimes", contou promotor Genney Handro à TV Integração.

Handro foi um dos quatros promotores a atuarem no caso em Uberlândia em 2024. No primeiro caso analisado, o de Amanda Aparecida de Sousa, também de 13 anos, os promotores pediram a absolvição por falta de provas. Nos outros três, relativos às mortes de Rejane Maria Fonseca, Michele Monteiro Silva e Edma Maria Guedes Batista, ocorreu situação semelhante: a absolvição.

Falta de provas

Para o promotor, o processo de investigação, especialmente na fase policial, teve falhas processuais.

"Foi extremamente atabalhoada. A prova unânime, desde o início, seria a confissão do senhor Eurípedes e em uma reconstituição que foi feita com base nessa confissão. Confissão esta que foi colhida também em um dia de domingo e de maneira bastante suspeita. Ela estava totalmente destoante do próprio laudo pericial da vítima", disse.

"Por isso o entendimento pelos promotores de Uberlândia de que há uma insuficiência de provas para a condenação."

Segundo a juíza Danielle Louise Rutkowski Dias, a denúncia do caso foi considerada improcedente. Ela também concedeu o direito ao réu de aguardar quaisquer recursos em liberdade. À TV Integração, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou que até o momento não há informações relacionados a novas investigações.

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