“Não é mole, não. Quero um time para gritar: ‘é campeão'”. Foi sob palavras de ordem, vaias e xingamentos ao técnico Fábio Carille que a torcida alvinegra “comemorou” a conquista da Série B do Campeonato Brasileiro, na derrota por 2 a 0 do Santos para o CRB, neste domingo, na Vila Belmiro.
Tudo estava preparado para uma grande festa: entrega da taça, faixas viradas, volta da camisa 10, estreia de Menino da Vila. Não faltaram atrativos para a torcida que lotou a Vila Belmiro, neste domingo, para prestigiar a partida com o CRB e, principalmente, festejar o título e o acesso do Santos à elite do futebol nacional.
Teria sido uma tarde ensolarada perfeita na Baixada se o time alagoano não tivesse lutando contra o rebaixamento e, assim, ofuscasse a festa santista. O resultado livrou a equipe visitante da degola e empurrou Ponte Preta e Ituano para a Série C do Brasileiro na próxima temporada. Brusque e Guarani já estavam rebaixados.
O clima de alegria pela conquista antecipada e pelo adeus à Série B tomou conta das arquibancadas. Logo aos 6 minutos, as faixas das torcidas organizadas, que permaneceram invertidas desde a queda, em dezembro do ano passado, foram recolhidas para, no décimo minuto, durante a tradicional homenagem ao Rei Pelé, serem expostas do lado correto, marcando o fim dos protestos e um raro momento de paz entre clube e torcedores na temporada.
Em campo, o Santos jogava aliviado pela sensação de dever cumprido e, enfim, sem pressão. Leve até demais. Em uma desatenção incomum ao sistema defensivo, um dos pontos fortes do clube da Baixada em sua vitoriosa campanha, Labandeira recebeu a bola livre na entrada da área para driblar Gabriel Brazão e abrir o placar para os visitantes, aos 16 minutos.
Apesar da desvantagem, os torcedores continuaram empurrando o time da casa. Durante o restante do primeiro tempo, o Santos tentou rondar a área do CRB, que não dava espaços, mas o goleiro Matheus Albino praticamente não trabalhou. O artilheiro Guilherme até mandou a bola na rede, mas em claro impedimento.
O futebol burocrático que marcou a trajetória da equipe de Fábio Carille, desta vez veio desacompanhado da eficiência, e, a cada ação ofensiva desperdiçada, os incentivos se transformavam em impaciência. A lua de mel entre torcida e time durou pouco e os atletas alvinegros desceram ao vestiário sob vaias.
No segundo tempo, o Santos tentou aproveitar o ponto fraco dos visitantes e passou a buscar o empate nas bolas aéreas. O time alvinegro subiu suas linhas e, mais próximo do gol adversário e criando oportunidades cada vez mais claras, os torcedores voltaram a apoiar. O CRB se defendia e, com espaços, buscava agredir nos contragolpes. Quando os anfitriões pareciam próximos do empate, Anselmo Ramon aproveitou uma bola longa e acionou Kleiton, que tocou na saída de Brazão para fazer 2 a 0, aos 18 minutos.
A substituição de Otero por Willian foi o que bastou para a torcida perder a paciência com Carille, que, como na maioria dos jogos, passou a ser vaiado e xingado. Apenas a entrada do prata da casa Luca Meirelles, 17 anos, na vaga do apagado Giuliano, já na reta final da partida, renovou o ânimo do time e da arquibancada. Em seus primeiros minutos como profissional, o atacante deu bons passes e quase fez um gol por cobertura.
Ao término da partida, a torcida não escondeu sua reprovação enquanto a taça era preparada para ser entregue.
O Santos fecha sua participação na Série B no próximo domingo, às 18h30, diante do Sport, no Recife. No mesmo horário, o CRB cumpre tabela contra o Operário, no estádio Rei Pelé, em Maceió.