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Meio milhão de brasileiros aderiram à foto da íris em troca de pagamento até projeto ser barrado pelo governo

O fato é que o boca a boca e as redes sociais fizeram as ações do projeto se espalhar pelo país

Thiago Rodrigues
Por: Thiago Rodrigues Fonte: BNews
27/01/2025 às 00h40
Meio milhão de brasileiros aderiram à foto da íris em troca de pagamento até projeto ser barrado pelo governo
Foto: Record TV

A World, iniciativa que registra a íris de humanos para que ela sirva como uma "impressão digital" mais avançada, diz que seu objetivo é diferenciar pessoas de robôs cada vez mais convincentes, mas para muitos moradores de São Paulo, uma das cidades onde o projeto está desenvolvendo suas ações, ter olho fotografado é uma forma de ganhar um dinheiro a mais. Isso porque estão sendo pagos cerca de R$ 600 em criptomoedas, desde esta sexta-feira (24).

Porém, segundo informações do portal g1, a partir deste sábado (25), o projeto não poderá mais remunerar quem participar dele. A determinação é da Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) divulgada um dia antes. O órgão é responsável por fiscalizar o cumprimento da Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD).

A preocupação do órgão é que essa interferência pode acontecer "especialmente em casos nos quais potencial vulnerabilidade e hipossuficiência (expressão jurídica que se refere à falta de condições financeiras) tornem ainda maior o peso do pagamento oferecido". Embora os registros da íris tenham disparado na capital paulista desde o fim do ano passado, muitas pessoas em pontos da periferia e também no Centro da cidade, não sabiam explicar do que se tratava o protocolo World e nem se havia riscos.

O fato é que o boca a boca e as redes sociais fizeram as ações do projeto se espalhar pelo país, que tratam, em algumas postagens, como "venda de uma foto da íris", especialmente no TikTok. A contagem de participantes parou, 10 dias atrás, em "mais de 400 mil pessoas", e não é mais atualizada pela World. Eram 115 mil no começo de novembro passado, quando o projeto foi retomado em São Paulo depois de uma fase de testes, em 2023.

A expansão das divulgações gerou um crescimento meteórico e culminou na abertura de outros pontos para a execução do projeto. Antes eram 10 pontos de escaneamento; agora 51 espalhados na capital paulista, até sexta-feira (24). Estações de metrô e trem, além de terminais de ônibus, facilitaram a adesão ao projeto.

Especialistas em direito digital e tecnologia levantaram preocupações com a clareza das informações que são dadas para os participantes e se eles realmente estão cientes de como o projeto funciona. E sobre o que será feito com os dados no futuro, já que fazer o registro é relativamente simples.