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Os “Campos do PT”, entram em campo para a batalha do PED de olho na tese de 2026

Confira a coluna do jornalista Reginaldo Silva

Reginaldo Silva
Por: Reginaldo Silva
14/04/2025 às 12h01
Os “Campos do PT”, entram em campo para a batalha do PED de olho na tese de 2026

Em meio a guerra tarifária entre chineses e americanos, o economista Li Daokui, da Universidade Tsinghua, declarou que o presidente Donald Trump não entende “A Arte da Guerra”, o livro de Sun Tzu, escrito no século 5 antes de Cristo, que aconselha conhecer seu inimigo.

Na obra, o general chinês ensina que a “suprema arte da guerra consiste em derrotar o inimigo sem lutar”. O estrategista chinês certamente encontraria dificuldades para implementar suas táticas nos grupos do PT no Ceará. O partido está sempre em movimento e em diferentes frentes de batalhas. Os resultados falam por si só, tem o presidente da República, o governador do Estado e o prefeito da capital cearense.

Em julho, os “Campos do PT” entrarão em mais uma batalha, o Processo de Eleição Direta (PED), cujo resultado vai muito além da escolha de direções partidárias. O que está em jogo é uma disputa estratégica pelo comando da narrativa política que guiará o partido nas eleições de 2026. O grupo que vencer o PED, escreve a tese e entra no jogo.

José Guimarães saiu na frente ao movimentar o “Campo Democrático”, no último dia 29 de março, com a presença do presidente nacional do partido, senador Humberto Costa. O grupo defende a reeleição de Lula e Elmano, bem como lançou o nome do próprio Guimarães para o Senado. O bloco coloca-se como opção antes de qualquer definição majoritária e sinaliza que não teme o embate interno. Vale lembrar que esse mesmo grupo foi decisivo na construção da candidatura de Evandro Leitão à Prefeitura de Fortaleza e foi estratégico na mobilização da militância contra o bolsonarismo no processo eleitoral mais recente.

Do outro lado, o “Campo da Esquerda”, liderado por Luizianne Lins, se reposiciona no cenário, lançou sua pré-candidatura ao Senado, indicou nomes para a presidência estadual e municipal do PT e tenta resgatar a mística da ala histórica do partido. Luizianne, mesmo derrotada no processo de escolha à Prefeitura de Fortaleza, ainda carrega influência da base petista, especialmente em Fortaleza, com capacidade de mobilização, enfrentamento direto, ideológico e territorial.

No último sábado, 12 de abril, surge o terceiro ator na disputa: o “Campo Popular”, apadrinhado por lideranças mais próximas de Camilo Santana e Elmano de Freitas. O grupo ainda não lançou nome ao Senado, mas disputa com força a direção do PT em Fortaleza com o ex-deputado Antônio Carlos, sinalizando que poderá ser a voz do equilíbrio ou a chave de virada no jogo.

Apoiam o ex-deputado Antonio Carlos, os deputados estaduais Missias Dias e Acrísio Sena, senadora Augusta Brito, deputado federal José Airton, o vereador João Aglaylson, e o ex-vice-governador Professor Pinheiro. O bloco não sinalizou interesse em disputar o controle da legenda no estado, tampouco lançou pré-candidatura ao Senado.

Com três campos jogando, o PED de 2025 passa a ser um divisor de águas. O estado também é estratégico para direção nacional. O regulamento prevê que a tese guia da corrente vencedora balizará a atuação do partido em 2026 e amplia o peso da disputa. Quem dominar o partido agora terá nas mãos a bússola programática e eleitoral de 2026.

Mais do que uma eleição interna, o PED será um teste de maturidade política. A capacidade de construir consenso, ouvir as bases, respeitar as diferenças e trabalhar um projeto que vá além das vaidades, para chegar em 2026 fortalecido e não fragmentado.

Em frentes de batalhas, Sun Tzu também alertava: “triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar”