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No Ceará, só Elmano e Alcides têm segurança partidária, as decisões da esfera nacional alteram a vida política nos estados. Ninguém está seguro

Confira a coluna do jornalista Reginaldo Silva

Reginaldo Silva
Por: Reginaldo Silva
16/06/2025 às 01h47
No Ceará, só Elmano e Alcides têm segurança partidária, as decisões da esfera nacional alteram a vida política nos estados. Ninguém está seguro

Ninguém está seguro no jogo partidário dos tempos atuais. As incertezas rondam constantemente os dirigentes das siglas, que buscam acomodações conforme os interesses de ocasião.

Quem imaginaria, algum dia, um partido do porte do PSDB chegar à situação em que se encontra? Para não desaparecer do mapa, precisa urgentemente de uma fusão ou federação para permanecer vivo no cenário político.

Depois do fracasso na fusão com o Podemos e da perda dos governadores de Pernambuco e do Rio Grande do Sul, Raquel Lyra e Eduardo Leite, o PSDB agora corre atrás de novas alternativas: negocia com MDB, Republicanos e Solidariedade.

Gostem ou não do PT, é o único partido no país, repleto de contradições, que consegue sobreviver mesmo em meio ao caos e às divergências internas. É bem verdade que essa sustentação política se deve ao pilar central da legenda: o presidente Lula. Ele consegue ser maior do que a própria agremiação e, ambos se retroalimentam.

O PL ganhou força no cenário atual após a filiação de Jair Bolsonaro. A formação da dupla Bolsonaro–Valdemar Costa Neto gerou uma sintonia digna do título da literatura machadiana “A Mão e a Luva”. Graças a essa harmonia político-partidária, suas principais lideranças estão seguras em seus estados.

Nesse mundo de incertezas partidárias, um nome vem ganhando força no cenário nacional: Gilberto Kassab. Ele surgiu ao ritmo de Martinho da Vila, “devagar, devagarinho” e, quando menos se esperava, já havia formado a maior bancada do Senado. Aos poucos, Kassab foi ampliando sua influência, elevando a cotação do PSD no jogo político e mantendo viva a capacidade de negociação da sigla nos estados.

Para entender esse emaranhado de dúvidas, vejamos os fatos ocorridos em pouco mais de uma semana no Ceará. Houve um grande alvoroço em torno da possível fusão entre Podemos e PSDB. Nesse curto intervalo, Ciro Gomes chegou a ser cogitado como candidato ao governo do estado por essa nova configuração; cogitou-se a saída da futura legenda da base governista; Ciro elogiou o pai de André Fernandes e foi também elogiado pelo deputado federal, desenhando-se um novo cenário político no estado com a possibilidade de uma possível aliança entre ciristas e bolsonaristas.

Até que Aécio Neves anunciou o fracasso das negociações com o Podemos e, tudo voltou à estaca zero.

No Ceará, a oposição anunciou que o único ponto pacificado até aqui é a pré-candidatura do deputado estadual Alcides Fernandes ao Senado. Uma semana após a visita de Bolsonaro ao estado, quando declarou que “o pessoal daqui é quem vai decidir”, sua esposa, Michelle Bolsonaro, preencheu, durante evento em Brasília, a outra vaga para o Senado com o nome da vereadora Priscila Costa.

Nesse campo das incertezas, no Ceará, há apenas uma definição clara: a pré-candidatura de Elmano de Freitas à reeleição para o Palácio da Abolição. Ele tem partido, unidade na legenda e apoio político consolidado.

O quadro é tão instável diante dos últimos acontecimentos que o ex-prefeito Roberto Cláudio tem passado mais tempo em Brasília do que no Ceará, buscando garantias de que seu futuro partido não mudará de rumo até 2026.

O ex-ministro e ex-presidenciável Ciro Gomes também tem evitado fazer prognósticos políticos no estado. Ele, mais do que ninguém, conhece os impactos das decisões nacionais no contexto estadual, depois de uma vida marcada por mudanças e rupturas partidárias.

Em 2022, todos lembram do que aconteceu com Izolda. No tabuleiro partidário, a única certeza é a instabilidade. Com raras exceções, como PT e PL, ninguém tem o futuro garantido, nem cadeira, nem legenda.