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Estudo revela que DNA dos cearenses tem predominância europeia e africana, aponta USP

Pesquisa é a maior já feita sobre genética da população brasileira e mostra impactos na saúde e na formação histórica do povo cearense

Thiago Rodrigues
Por: Thiago Rodrigues Fonte: GCMais
29/05/2025 às 00h10
Estudo revela que DNA dos cearenses tem predominância europeia e africana, aponta USP
Foto: Governo do Estado do Ceará / Divulgação

Um estudo inédito realizado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e publicado na última quinta-feira (15) na prestigiada revista Science revelou que a população do Ceará possui, majoritariamente, DNA de origem europeia, seguido por uma contribuição significativa da ancestralidade africana. A ancestralidade indígena aparece em menor proporção, enquanto a influência genética asiática é praticamente inexistente no estado.

Intitulada “O impacto da miscigenação na evolução e na saúde da população brasileira”, a pesquisa é considerada a mais abrangente já feita sobre o genoma de brasileiros. Foram analisadas amostras de DNA de 2.723 pessoas de diversas regiões do país. A média nacional de ancestralidade entre os participantes foi de aproximadamente 60% europeia, 27% africana e 13% indígena.

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A predominância genética europeia no Ceará, embora constatada nas análises, contrasta com os dados demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o censo, 64,7% da população cearense se autodeclara parda, 27,9% branca, 6,8% preta e apenas 0,6% indígena.

A presença europeia no estado começou a se consolidar a partir do final do século XVII, com o estabelecimento de portugueses e, em menor número, franceses e holandeses. Paralelamente, chegaram os primeiros africanos escravizados, principalmente da região centro-ocidental da África (83%), além de uma parcela vinda da região sudanesa (17%).

As populações indígenas já habitavam o território cearense há mais de 10 mil anos, mas sofreram intensamente com a colonização. “Entre 1650 e 1780, houve um verdadeiro extermínio dos povos originários. Por volta de 1800, os indígenas já representavam apenas cerca de 6% da população local”, explica o historiador Francisco José Pinheiro.

A análise genética também evidencia que o DNA herdado por linha materna é, em grande parte, de origem indígena e africana, enquanto o herdado por linha paterna é majoritariamente europeu — um reflexo direto das relações desiguais e muitas vezes forçadas entre homens europeus e mulheres indígenas e africanas durante o período colonial.