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Azia e refluxo podem ser sequelas da covid-19, revela pesquisa da Universidade Federal do Ceará

A pesquisa identificou um aumento significativo dos sintomas gastroesofágicos em pacientes após a alta hospitalar

Rita de Cássia
Por: Rita de Cássia Fonte: GC Mais
31/05/2025 às 10h32
Azia e refluxo podem ser sequelas da covid-19, revela pesquisa da Universidade Federal do Ceará
Foto: Reprodução

Azia e refluxo ácido estão entre as possíveis sequelas deixadas pela covid-19, segundo um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC). A pesquisa identificou um aumento significativo dos sintomas gastroesofágicos em pacientes após a alta hospitalar, principalmente na fase pós-infecção durante o primeiro ano da pandemia.

O levantamento acompanhou 55 pacientes internados no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), em Fortaleza, em 2020. Durante o acompanhamento feito entre três e seis meses após a alta, os pesquisadores observaram que a azia, que afetava 9% dos pacientes durante a internação, passou a ser relatada por 32,7%. Já os casos de refluxo subiram de 10,9% para 30,9%.

Seis meses após a alta, 25 desses pacientes e outras 8 pessoas sem histórico de covid-19 ou problemas gastrointestinais foram submetidos a exames de endoscopia digestiva. As biópsias realizadas revelaram alterações na mucosa do esôfago dos pacientes que tiveram covid-19, como o aumento da citocina inflamatória IL-8 e da proteína Claudina-2, ambas associadas à perda da integridade da barreira celular do órgão.

De acordo com os pesquisadores, a IL-8 é um fator que contribui para o desenvolvimento da doença do refluxo gastroesofágico. Já a Claudina-2 atua na regulação das junções celulares e, quando alterada, permite a passagem de substâncias que irritam o tecido do esôfago, favorecendo quadros de azia e refluxo.

“O comprometimento da mucosa faz com que o esôfago se torne mais vulnerável, facilitando o aparecimento de doenças como o refluxo”, explica o professor Miguel Ângelo Souza, do Departamento de Medicina Clínica e do Núcleo de Biomedicina (Nubimed) da UFC.

O estudo integra uma reportagem especial da Agência UFC sobre as consequências da covid longa, que detalha os impactos da doença no sistema gastrointestinal e na qualidade de vida dos pacientes.