A família do jovem Davi Lucas de Sousa Firmino, de 17 anos, denuncia que ele foi espancado até a morte após ser sequestrado na casa da namorada por membros de um grupo criminoso. O crime ocorreu na cidade de Morrinhos, interior do Ceará, em 17 de agosto.
De acordo com uma testemunha que preferiu não se identificar, o adolescente saiu de casa para encontrar a namorada na noite do dia 17. No dia seguinte, o hospital municipal entrou em contato com a família para informar que ele havia dado entrada na unidade. A Polícia Civil investiga o caso.
O g1 teve acesso a um boletim médico e à certidão de óbito. Segundo o documento, Davi morreu em decorrência de traumatismo cranioencefálico causado por uma “ação contundente”. Por medo, os parentes não registraram boletim de ocorrência (BO).
Davi era estudante do 2º ano do Ensino Médio e o filho mais velho entre três irmãos. Morava com a mãe em uma casa na zona rural do município. Conforme a família, o relacionamento com a namorada era recente. Eles afirmam que não chegaram a conhecer a jovem, que mora na sede da cidade.
"Ele chegou no hospital muito espancado, cheio de hematomas nos braços, pernas e costas. Nas costas você não via mais a cor dele, só hematomas", descreveu uma familiar.
Após a piora do quadro, Davi foi transferido para a Santa Casa de Misericórdia de Sobral, onde ficou internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e morreu no dia 28 de agosto.
Um boletim médico da Santa Casa, datado de 19 de agosto, aponta que o jovem sofreu fratura na mão direita, crises convulsivas, desorientação, lesão axonal difusa (traumatismo no cérebro) e lesão renal. Ele estava respirando com ajuda de ventilação mecânica, “sem condições de alta hospitalar”.
"Quando ele deu entrada no hospital, não estava desacordado e ainda teve contato com a mãe. Ele também estava com medo de falar. O que ele ainda disse foi que haviam batido muito nele, pelo menos umas 10 pessoas. Ele disse que tiraram ele de dentro da casa da namorada e levaram para um lugar ermo", relatou a fonte ao g1.
A família afirma não saber qual teria sido a motivação do espancamento e garante que Davi não tinha envolvimento com grupos criminosos. “Ele teve uma fase difícil depois da separação dos pais, mas nunca foi preso, nem roubou, matou, nada do tipo”, disse um familiar.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a Polícia Civil “apura as circunstâncias de um homicídio doloso”. “Um adolescente foi lesionado com um objeto contundente em um terreno baldio situado na sede do município. O caso é investigado pela Delegacia de Polícia Civil de Marco”, diz o texto.