Mais um desdobramento do caso que ficou marcado como a maior chacina da história do Ceará teve julgamento nesta quinta-feira (18), em Fortaleza. Ayalla Duarte Cavalcante foi condenado a quatro anos de prisão, por crimes conexos à chamada Chacina das Cajazeiras, mas cumprirá a pena em liberdade.
Segundo a decisão do Tribunal do Júri da 2ª Vara da Comarca de Fortaleza, Ayalla foi responsabilizado por incendiar um carro a mando de um criminoso, mas não pelos 14 homicídios registrados no ataque. As penas de 2 anos e 6 meses de reclusão por incêndio e 1 ano e 6 meses por fraude processual foram convertidas em medidas restritivas de direitos, como prestação de serviços à comunidade, conforme determina o artigo 44 do Código Penal.
O crime ocorreu na madrugada de 27 de janeiro de 2018, na casa de shows Forró do Gago, no bairro Cajazeiras, em Fortaleza. Integrantes da facção Guardiões do Estado (GDE) invadiram o local e dispararam indiscriminadamente contra o público, matando 14 pessoas — entre elas dois adolescentes — e ferindo outras 15.
O ataque foi motivado por uma disputa de território com o Comando Vermelho, que então dominava a região. O primeiro julgamento do caso ocorreu em 8 de maio de 2025, quando Ednardo dos Santos, acusado de liderar a ação, foi condenado a 790 anos de prisão, com execução imediata.
Já Ayalla, que afirmou não ter participado diretamente da chacina, foi julgado apenas pelos atos auxiliares e não responderá em regime fechado. Ao todo, 15 pessoas foram denunciadas; oito serão julgadas pelo Tribunal do Júri. O caso, que chocou o país e ganhou repercussão internacional, possui mais de seis mil páginas e segue sendo desmembrado em diferentes processos pela Justiça cearense.