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Medicamentos contra lúpus são incluídos no rol de cobertura dos planos de saúde

Inclusão de novos imunobiológicos marca avanço no tratamento da doença autoimune e amplia acesso para pacientes no Brasil

Josyvânia Monteiro
Por: Josyvânia Monteiro Fonte: GCmais
23/09/2025 às 14h40
Medicamentos contra lúpus são incluídos no rol de cobertura dos planos de saúde
Foto: Reprodução

A partir de 3 de novembro, os planos de saúde passarão a ser obrigados a cobrir dois medicamentos usados no tratamento do lúpus, o anifrolumabe e o belimumabe, que foram incluídos no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nesta semana.

O lúpus é uma doença autoimune em que os anticorpos do paciente atacam as próprias células do corpo em uma reação exagerada de proteção. Existem dois tipos da enfermidade: o lúpus eritematoso sistêmico (LES) e o lúpus cutâneo (LC).

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No LC, apenas a pele é afetada, sendo comum a formação de lesões nas bochechas e no nariz, conhecidas como “borboleta”. Já no LES, os tecidos internos do organismo podem ser atingidos, especialmente os rins, que são considerados a principal preocupação clínica. A maior parte dos pacientes apresenta esse tipo mais abrangente.

Os medicamentos incorporados ao rol são para os pacientes adultos com LES que apresentam episódios frequentes da doença e alta incidência de sintomas, apesar do uso da terapia padrão. A estimativa é de que cerca de 2 mil pessoas sejam beneficiadas com a inclusão.

José Eduardo Martinez, reumatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), acredita que a inclusão dos medicamentos é um grande avanço. Ele destaca que, após muito tempo sendo uma doença com poucas opções terapêuticas, hoje no Brasil é possível obter “o que há de melhor no tratamento do lúpus”.

Martinez lembra que, no passado, corticoides eram amplamente utilizados no tratamento do LES, mas seu uso foi sendo reduzido por causa dos efeitos colaterais. Nos últimos anos, surgiram terapias mais sofisticadas, como os imunobiológicos, medicamentos produzidos a partir de células vivas, entre eles o belimumabe e o anifrolumabe.

“A entrada desses medicamentos no arsenal terapêutico vai permitir que a gente trate melhor nossos pacientes”, pontua.

Essa é a primeira vez que um medicamento voltado especificamente para o tratamento do lúpus é incluído no rol da ANS. Em 2024, o belimumabe já havia entrado na lista, mas restrito ao tratamento da nefrite lúpica, complicação renal causada pela doença.

A doença possui fatores genéticos que podem gerar predisposição ao seu desenvolvimento. Quando uma pessoa com essa tendência é exposta a algum gatilho, o lúpus pode se manifestar. Contudo, os gatilhos ainda não são completamente compreendidos pela comunidade médica. Mesmo em casos de predisposição familiar, nem todos os indivíduos desenvolvem a enfermidade.

Entre os fatores externos que agravam o quadro, a exposição solar é um dos mais relevantes. A radiação ultravioleta pode provocar tanto o surgimento da doença quanto a piora dos sintomas. Isso acontece porque a radiação estimula substâncias na pele, como proteínas que sofrem alterações e passam a ser identificadas pelo organismo como agentes estranhos, desencadeando uma reação de defesa contra elas.