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Crianças terão teste de rotina no SUS para identificar sinais de autismo; entenda

Pequenos entre 16 e 30 meses de idade passarão pela triagem na atenção primária

Josyvânia Monteiro
Por: Josyvânia Monteiro Fonte: Governo
29/09/2025 às 15h41
Crianças terão teste de rotina no SUS para identificar sinais de autismo; entenda
Foto: Reprodução / Thiago Gadelha

Os pacientes entre 16 e 30 meses de idade acompanhados pelo SUS passarão, a partir deste ano, por um teste para identificar sinais de autismo e outros transtornos do desenvolvimento. A orientação consta em nova linha de cuidado publicada pelo Ministério da Saúde (MS) neste mês de setembro.

Profissionais da atenção primária (de postos de saúde e equipes de saúde da família) vão passar a aplicar, dentro da rotina de atendimentos, o “M-Chat” – questionário já utilizado para identificar atrasos no desenvolvimento infantil, mas que, agora, deve ser aplicado a todas as crianças nos primeiros anos de vida.

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A ideia, de acordo com o Ministério da Saúde, é que a rede possa identificar alterações nos marcos de desenvolvimento, orientar as famílias e encaminhar os pequenos para serviços de estimulação precoce antes mesmo de terem qualquer diagnóstico fechado.

Em Fortaleza, as cerca de 559 equipes de saúde da família que atuam nos 134 postos “já estão sendo capacitadas” para implementação da linha de cuidado e do teste de triagem, como garante Erlemus Soares, coordenador da Atenção Primária e Psicossocial de Fortaleza.

“Com o questionário, é feita uma avaliação de qualquer tipo de atraso no desenvolvimento da criança. Tem uma pontuação que define se aquela criança precisa de uma avaliação mais especializada em um centro de referência ou se pode permanecer na atenção primária”, explica o gestor.

Caso seja necessário encaminhar a criança, ela será destinada, no caso de Fortaleza, ao Centro de Diagnóstico Espaço Girassol, inaugurado em agosto no bairro Edson Queiroz. “Caso permaneça na atenção primária, será feita a estimulação precoce nos Núcleos de Desenvolvimento Infantil”, complementa Erlemus. 

Capacitação dos profissionais

Embora a aplicação das orientações do MS caiba aos municípios, a Secretaria Estadual da Saúde do Ceará (Sesa) tem o dever de direcioná-los e garantir apoio técnico, sobretudo na capacitação continuada dos profissionais, como detalha Thais Facó, coordenadora da Atenção Primária da Sesa.

Ela destaca que a capacitação dos profissionais tem sido intensificada, principalmente entre enfermeiros, responsáveis por realizar a chamada puericultura – acompanhamento periódico de crianças e adolescentes na atenção primária, para prevenção de doenças e monitoramento do desenvolvimento.

Para a gestora, “o M-Chat é uma ferramenta potente de rastreio de atrasos de desenvolvimento de modo geral, que destaca a necessidade de a criança ser estimulada precocemente pra que tenhamos ganho dos marcos de desenvolvimento”.

As formações, segundo a coordenadora, também focam em como trabalhar a orientação parental. “As equipes multidisciplinares, com fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, por exemplo, têm papel fundamental na abordagem das crianças e na orientação das famílias”, observa.

O Ministério da Saúde também avalia que “o acolhimento e suporte às famílias” de crianças com TEA ou outros transtornos é fundamental e está contemplado nas orientações da nova linha de cuidado.

A ideia é “estimular práticas no ambiente domiciliar que complementem o trabalho multiprofissional, reduzir a sobrecarga das famílias e promover vínculos afetivos saudáveis”.

Thais reconhece que a rede pública de saúde do Ceará “está se estruturando pra atender essa demanda, que é extremamente significativa”. 

“Temos uma população de crianças autistas aumentando cada vez mais. Precisamos nos preparar pra oferecer não só o diagnóstico precoce, que é determinante no futuro delas, mas para garantir uma abordagem terapêutica ao longo da vida.”