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Após megaoperação no Rio de Janeiro, Lula defende PEC da Segurança como medida para enfrentar o crime

Nas redes sociais, o governo federal aproveitou o impacto da operação para reforçar a campanha pela PEC da Segurança

Raflézia Sousa
Por: Raflézia Sousa Fonte: Portal GCMAIS
30/10/2025 às 08h13
Após megaoperação no Rio de Janeiro, Lula defende PEC da Segurança como medida para enfrentar o crime
Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou nesta quarta-feira (29) após a megaoperação policial no Rio de Janeiro que deixou ao menos 119 mortos, a mais letal da história do estado. Em sua primeira manifestação sobre o caso, Lula afirmou que “não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades”. O presidente destacou a necessidade de um “trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, reforçando a defesa da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança, que busca integrar as forças policiais no combate às facções.

Lula também mencionou a Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto pela Polícia Federal, como exemplo de ação conjunta bem-sucedida entre o governo federal e estados. “Foi exatamente o que fizemos em agosto na maior operação contra o crime organizado da história do país, que chegou ao coração financeiro de uma grande quadrilha envolvida em venda de drogas, adulteração de combustível e lavagem de dinheiro”, declarou o presidente. Ele ressaltou que a aprovação da PEC da Segurança permitirá “que as diferentes forças policiais atuem de maneira conjunta no enfrentamento às facções criminosas”.

Após o discurso, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o governador do Rio, Cláudio Castro, anunciaram a criação do Escritório de Combate ao Crime Organizado, que pretende eliminar barreiras entre as esferas estadual e federal. O novo grupo será coordenado pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Cesar Santos, e pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo. O plano inclui o aumento do efetivo da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal no estado, além da ampliação das ações de inteligência da Polícia Federal para atingir o braço financeiro das quadrilhas.

Enquanto o governo federal e o estadual tentam alinhar estratégias, declarações de integrantes das duas gestões expuseram divergências sobre a operação. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o aviso feito pela Polícia Militar à Superintendência da Polícia Federal no Rio não foi um “pedido de ajuda institucional”. Segundo Gleisi, o governo federal não foi formalmente comunicado sobre a ação e não recebeu nenhum pedido de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, confirmou que houve contato da inteligência da PM do Rio sobre a operação, mas que a corporação decidiu não participar por falta de atribuição legal. “A partir da análise do planejamento operacional, nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse”, afirmou Rodrigues. Ele reforçou que a PF não tinha conhecimento da data exata da deflagração da operação, que mobilizou mais de 2,5 mil agentes e resultou em 119 mortes, incluindo quatro policiais.

A troca de declarações acabou acentuando a disputa política entre o governador Cláudio Castro e o governo federal. Castro reclamou da falta de cooperação de Brasília e disse que três pedidos de blindados feitos anteriormente às Forças Armadas foram negados. O governo federal, por outro lado, respondeu que esse tipo de apoio só pode ser concedido em casos de GLO e ressaltou que a Força Nacional atua no Rio desde 2023.

O ministro Ricardo Lewandowski também comentou sobre a comunicação entre os governos durante a preparação da operação. Segundo ele, ações dessa magnitude precisam ser tratadas em alto nível. “A comunicação entre governantes tem que se dar dentro de uma hierarquia mais elevada. Uma operação desse porte não pode ser acordada por segundo ou terceiro escalão”, afirmou o ministro, defendendo maior coordenação entre os entes federativos em futuras ações.

Nas redes sociais, o governo federal aproveitou o impacto da operação para reforçar a campanha pela PEC da Segurança, destacando a importância da integração e da inteligência policial. Em vídeo publicado pelos perfis oficiais, o Palácio do Planalto defendeu que, para o combate ao crime organizado ser efetivo, é necessário “mais inteligência e menos sangue” — mensagem que reflete a tentativa do governo de promover uma resposta coordenada à escalada da violência e às críticas sobre o alto número de mortes no Rio de Janeiro.