Abstinência
"Os psicólogos consideram a dependência digital dos jovens e adultos como um transtorno compulsivo-impulsivo. É muito comum, durante um período de abstinência, o descontrole emocional do viciado, que pode ficar agressivo", explica. No tratamento, Salgado afirma que a família é parte central na cura da dependência. "A conivência dos pais, a falta de limites, dificultam o tratamento psicológico", diz.
Para evitar problemas como esses, o especialista em telefonia móvel Edson Almeida preferiu abolir o uso de celular. "Eu consigo viver sem celular. Apesar de trabalhar com celulares, me preocupa a questão da banalização do aparelhos. Sou uma pessoa que aboliu o celular e sou cobrado pela sociedade".
Primeiro no CearáJá no Ceará, o PT-550 chegou no ano de 1989, vindo dos EUA. Na época, os celulares eram chamados de Microtac devido o seu tamanho "reduzido". Mas ainda não dava para guardar o PT-550 no bolso. Como a tecnologia era analógica e não havia rede suficiente, o usuário pagava tanto a tarifa de ligação efetuada quanto a das chamadas recebidas.
Nos anos seguintes, o que os usuários puderam acompanhar foram evoluções drásticas no desenho, passando por aparelhos de apenas 10cm até chegar nos chamados celulares inteligentes (os "smartphones"), com mais memória interna, processadores com desempenho similar ao dos PCs de mesa, telas melhores e sensíveis ao toque. Da Motorola à Nokia, passando depois pelo reinado do BlackBerry (RIM), os usuários foram conhecendo diferentes modelos. Hoje, após a ascensão da Apple e da Samsung, chegamos à era dos "phablets" - uma mistura de tablets e smartphones. Com tantas possibilidades, fazer ligações tornou-se algo secundário. Para o pesquisador Edson Almeida, professor e coordenador do curso de Engenharia de Telecomunicações do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), o que mudou nos últimos 30 anos foi a apropriação do uso de celulares.
"Hoje, a coisa menos importante é a comunicação via voz. O mais importante, agora, é o acesso à internet. A voz fica em segundo plano em função das facilidade de acesso, uso de fotos, redes sociais, rádio e música", afirma. Para Almeida, os celulares mais modernos irão substituir velhos amigos de mesa. "A evolução está mostrando que ele vai continuar sendo um prestador de serviço e eliminar os computadores de pequeno porte", projeta.
Tecnologias como a nanofibra, supercapacitores de grafeno e memristor podem levar a telefonia celular a patamares inimagináveis, como a flexibilidade, a reprogramação de interface e integração com a pele humana. Até lá, a sua rotina matinal será alterada diversas vezes.
Diário do Nordeste