O médico insinua que a má formação craniana não se dá pela contaminação com o vírus Zyka, mas por uma “adaptação da espécie”. Disse ele: “Gente, cientificamente pode ser a comprovação de que votar no PT faz o cérebro involuir e diminuir de tamanho”. Em seguida, o médico pede que se evitem “comentários julgadores”, já que ela apenas não poderia “perder a piada”.
O comentário vazou ainda no mês passado e ganhou repercussão. A estudante de medicina Izabella Navarro copiou o comentário e divulgou publicamente para criticar o autor. Ela disse que há casos de “médicos falando que o paciente não vai conseguir a cirurgia que precisa porque votou em determinado candidato, ou que se na próxima eleição votasse em tal partido, o ambulatório iria fechar”, afirmou.
A Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares reagiu ao comentário preconceituoso. Para o médico Aristóteles Cardona, as manifestações de preconceito vistas nas redes sociais são absurdas “e se tornam muito mais preocupantes vindas dos profissionais de saúde”, afirmou para o site da rede. Para ele, “muitas vezes, há um distanciamento do pensamento de um setor importante do país, que são os profissionais de saúde, com as necessidades concretas da nossa população”, acrescentou.
Casos suspeitos no Ceará
O Ceará já contabiliza 41 casos suspeitos de microcefalia relacionada ao vírus Zika durante 2015, conforme boletim epidemiológico divulgado na sexta-feira (4) pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Desse número, apenas uma ocorrência foi confirmada até agora, que resultou no óbito de uma criança em Tejuçuoca.
A microcefalia é um problema raro que acomete o desenvolvimento da caixa craniana do feto. Ela é geralmente notificada quando o diâmetro da cabeça do recém-nascido, nascido de nove meses, é igual ou menor que 33 centímetros.
Não existem tratamentos definitivos para que as cabeças das crianças possam adequar-se a um tamanho normal. No entanto, existem opções de assistências, com acompanhamento terapêutico, que podem diminuir os impactos associados à deformidade. Aquelas crianças que nascem com microcefalia, geralmente, apresentam problemas no desenvolvimento psicomotor.
O período de formação do problema, em geral, se dá entre as dez e dezoito semanas de gravidez. Portanto, seguir cumprindo com todos os exames de pré-natal pode ajudar a reduzir os riscos de desenvolvimento da anomalia.
Diário do Nordeste