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Doutor Estranho (2016)

Doutor Estranho (2016)

05/11/2016 às 20h31 Atualizada em 21/03/2020 às 00h19
Por: Thiago Rodrigues
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Foto: Reprodução
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Na trama, o protagonista é Stephen Strange (Benedict Cumberbatch), neurocirurgião arrogante e cheio de si que vê sua vida mudar ao sofrer um acidente de carro, que o impossibilita de continuar com sua vida – leia-se, seu trabalho – em razão de uma debilidade nas mãos. Desesperado após não obter resultado com a medicina, parte para Kamar Taj, em Katmandu (Nepal), onde pretende encontrar a recuperação. Porém, acaba descobrindo uma realidade nova que até então desconhecia, aprimorando muito mais que sua condição física.
A grande aposta de “Doutor Estranho” reside nos efeitos visuais, área em que o filme é sublime. O diretor Scott Derrickson – pouco conhecido e oriundo do cinema de terror, trajetória igual à de Sam Raimi – é feliz ao criar uma atmosfera psicodélica e alucinogênica. Inspirado em gênios como Hitchcock (“Um Corpo que Cai”) e Kubrick (“2001: uma Odisseia no Espaço”), Derrickson não chega ao brilhantismo, mas aprendeu bem a conexão necessária entre os efeitos visuais e o enredo. Não basta a psicodelia, ela precisa fazer sentido. Acertadamente, as imagens surreais se encaixam no contexto estabelecido, tornando-se impressionantes sem largar a coerência.
A direção consegue elaborar cenas épicas, como a do acidente – o slow motion que antecede os impactos é cirúrgico – e a do primeiro encontro de Strange com a Anciã (quando o surreal cresce, em detrimento do racional). O CGI é fenomenal e tem uma criatividade visual inegável. A “dobra” dos prédios traz recordações de “A Origem”, é verdade, mas vai muito além. A criatividade, contudo, é ausente no roteiro, o que resulta em um ritmo irregular.O primeiro ato tem elipses constantes e sequências curtas, ao que se segue uma ação cada vez mais frenética e demasiadamente alongada.
É a obsolescência do roteiro que impede que a película esteja entre as melhores dos filmes de heróis. Embora seja eficaz ao criar uma mitologia própria – inclusive com expressões particulares, como “Manto da Levitação” (praticamente uma personagem à parte), “dimensão espelhada”, “dimensão negra” etc. –, suas idiossincrasias não são suficientes para sustentar uma narrativa tão clichê.
Em síntese, “Doutor Estranho” é mais um filme da Marvel, que só não é descartável pelo elenco formidável e pelos efeitos visuais magníficos. Tudo que já foi visto se repete: nada no roteiro é “estranho”, o estúdio não quis inovar. Porém, com magia, CGI estonteante, Benedict Cumberbatch e Tilda Swinton, inovar não foi necessário para encantar.

Wilker Magalhães
Blogueiro, crítico de cinema e colunista do portal A Voz de Santa Quitéria.
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