A página Scfimoon, criada em 2021 por Lu, um editor e animador 2D paraense de 19 anos, ganhou destaque ao unir cenas do filme "Eu Sei Que Vou Te Amar" (1986) e acordes da música "Teia" (2021), da rapper Flora Mattos.
Recentemente, um edit do filme "Bingo: O Rei das Manhãs" (2017) impulsionou a página, acumulando 15,7 milhões de visualizações desde 30 de dezembro.
Lu explica que a página surgiu como um "hobby" para compartilhar descobertas do cinema nacional.
A Cinema Brasileiro Out of Context, administrada por uma designer gráfica de São Paulo, também segue essa tendência, buscando apresentar o cinema brasileiro mais antigo a um novo público.
A professora Naiana Rodrigues destaca que revisitar o passado é uma característica cultural, mas a abordagem contemporânea desses vídeos curtos é o diferencial.
“É uma cultura do passado que tem que vir na embalagem do presente, esse é o diferencial. Ela tem que vir na forma de um meme, de um vídeo ao melhor estilo Tik Tok, com cenas cuja construção imagética e sonora tem mais aderência ao estilo de produções de vídeos comuns nessas redes”, observa a pesquisadora para Diário do Nordeste.
Esses conteúdos, ao adentrarem a lógica das redes sociais, têm maior potencial de viralização.
Apesar do sucesso, muitas obras destacadas são de difícil acesso. Páginas como essas desempenham o papel de resgatar filmes esquecidos, apresentando-os a um público nichado e despertando curiosidade sobre o peculiar universo cinematográfico brasileiro.
Naiana observa que, além do domínio das plataformas, os administradores dessas contas têm o senso de oportunidade para identificar temas do tempo presente nas obras antigas, estabelecendo uma conexão com questões contemporâneas.
Embora as métricas de likes e compartilhamentos sejam significativas, a real influência na visualização das obras originais permanece incerta. A hipótese é de que esses conteúdos possam direcionar alguns espectadores à obra completa, mas não de maneira massiva.