Ao Estadão, a Caixa justifica que há um “excesso de solicitações” que ocasionou “lentidão nos processamentos”, mas afirma que a liberação do crédito se dá no máximo em cinco dias. A reportagem, contudo, teve acesso a mensagens enviadas pelos bancos aos clientes nas quais informa que o “crédito ocorre entre 2 e 15 dias”. O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) recebeu relatos de beneficiários para quem o dinheiro do empréstimo foi prometido apenas para dezembro.
Jenifer Kauane Batista contratou o consignado do Auxílio Brasil pela Caixa na terça-feira, dia 11, logo no primeiro dia em que estava disponível nas lotéricas. Dois dias depois, o empréstimo foi aprovado e ela foi informada de que o dinheiro seria liberado em 48 horas. Como a transferência não foi feita, ela ligou para o SAC do banco e a atendente deu uma outra informação: de que o prazo, na verdade, era de cinco dias. Na quinta, porém, ao checar o aplicativo do banco, o pedido que antes constava como “aprovado” havia voltado para o status “em processamento “.
Além da queixa geral, há muita desinformação nas redes sociais em torno do Auxílio Brasil. O Estadão acompanhou a movimentação de sete grupos de beneficiários do programa no WhatsApp, Facebook e no Telegram. O clima das mensagens é um misto de indignação e revolta de quem ainda não conseguiu receber o dinheiro mesmo depois da contratação da operação e de insegurança com uma enxurrada de fake news em torno do consignado.
O Idec vem monitorando reclamações nas redes sociais sobre o consignado do Auxílio Brasil. Nos últimos dias, a instituição notou um aumento expressivo no número de queixas sobre o atraso no pagamento. “Nas redes sociais, encontramos divulgação de fake news informando que, caso a pessoa deixasse de receber o auxílio, o governo iria assumir essa dívida”, diz Ione Amorim, coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Idec.
O atraso na liberação do dinheiro no período eleitoral tem gerado dúvidas nos beneficiários do programa. “Muitos perguntaram se o Lula ganhar a eleição o consignado será suspenso”, relata a diretora institucional da Rede Brasileira de Renda Básica, Paola Oliveira, uma rede de apoio aos vulneráveis criada durante a pandemia da covid-19 pelo terceiro setor. Segundo ela, essas dúvidas estão se espalhando dentro de grupos dos beneficiários.
Num dos grupos públicos do Facebook “Empréstimo Caixa Tem – Auxílio Brasil”, com mais de 280 mil membros, a pergunta mais frequente é “Quem conseguiu receber o empréstimo?” e críticas à Caixa. “É muito humilhante. Eu tenho um print de quando foi aprovado. A menina da Lotérica disse que aparecia no sistema que eu não tinha mais margem e que significava que o empréstimo deu certo. E hoje me apareceu cancelado”, relatou ao Estadão, Giovana Verli, de Umuarama, no Paraná. Segundo a Caixa, nessas situações, é preciso fazer uma nova solicitação do consignado.
Segundo ela, o atraso no pagamento é o caso dela e de muitos outros beneficiários do programa. “Eu tenho um grupo no WhatsApp e no Facebook, e lá são vários depoimentos de pessoas que não estão conseguindo (receber o dinheiro).”
Estadão Conteúdo