Durante o encontro, Lula enfatizou que o Brasil pretende concluir o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul até junho deste ano. No entanto, o texto precisa passar por mudanças.
“Vamos trabalhar de forma muito dura para concretizar esse acordo, mas alguma coisa precisa ser mudada, não pode ser tal como está. Vamos fechar esse acordo, se tudo der certo, até o fim desse semestre”.
O acordo comercial, que esteve no centro da conversa entre os mandatários no contexto da revitalização da parceria estratégica entre os dois países, teve sua negociação concluída em 2019 e seus termos não podem mais ser alterados.
Pela tramitação normal, ele deveria ter seguido para tradução e depois submetido ao Conselho Europeu (que reúne chefes de governo dos 27 países membros do bloco), ao Parlamento Europeu e aos Parlamentos nacionais e regionais do bloco europeu.
No entanto, o descontrole no desmatamento da Amazônia durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) levantou críticas ao Brasil em vários países do bloco, como França, Áustria e Países Baixos, o que fez com que sua tramitação fosse congelada.
Para Lula, a questão das compras governamentais é central para as negociações, e falou em achar um meio termo para negociar algo melhor.
“Compras governamentais fazem crescer pequenas e médias indústrias brasileiras. [É preciso] para aqueles que se sentem prejudicados. Vamos sentar na mesa da forma mais aberta possível”, disse.
O petista esteve reunido, a sós, com o alemão por aproximadamente uma hora e meia. Na sequência, ocorreu uma reunião ampliada, de cerca de uma hora, com a presença de ministros Mauro Vieira (Itamaraty), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). O ex-chanceler Celso Amorim, chefe da assessoria especial do presidente, também esteve presente.
Laços Alemanha-Brasil fortalecidos
O encontro aconteceu em meio as declarações de Svenja Schulze, ministra alemã de Cooperação Econômica e do Desenvolvimento, que também se reuniu nesta segunda com as ministras Marina Silva e Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas.
Svenja declarou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que a Alemanha quer “um programa imediato para os cem primeiros dias de governo, em acordo com o que pode ser feito, e para isso, [teremos] mais de 200 milhões de euros”.
Em conversão direta utilizando a atual taxa de câmbio, o país europeu está disposto a doar mais de R$ 1,1 bilhão no Brasil na área do meio ambiente.
Olaf Scholz encerra no Brasil uma série de viagens pela América do Sul em busca de estreitar laços com os governos do continente. No fim de semana, o premiê alemão se encontrou com os presidentes Alberto Fernández, da Argentina, e com Gabriel Boric, do Chile.
Brasil em evidência
Em apenas 30 dias de governo, o chefe do Executivo nacional já se reuniu com representantes de 13 países de forma bilateral, além dos enviados especiais para a posse presidencial, em 1º de janeiro, e a reunião da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, na Argentina, na semana passada.
Após a maratona de nove reuniões com chefes de Estado no dia 2 de janeiro, primeiro dia útil do terceiro mandato presidencial, o encontro com Olaf Scholz foi o primeiro com um primeiro-ministro europeu.
Ainda no dia 2, Lula recebeu o rei da Espanha, Felipe VI, além do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. O presidente brasileiro ainda conversou via telefone com o presidente da França, Emmanuel Macron.
Na Argentina, o petista se encontrou, além de Alberto Fernández, com Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, e com Mia Amor Mottley, de Barbados. Já no Uruguais, Lula esteve com o chefe de Estado do país, Luis Lacalle Pou.
No mês que vem, o chefe do Executivo nacional deverá continuar a série de encontros com representantes de outros países. Logo no dia 10 de fevereiro, Lula cumpre agenda nos Estados Unidos com o presidente Joe Biden.
*(Com informações das repórteres Marianna Holanda e Nathália Garcia da Agência Folhapress).
O OTIMISTA