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Profissionais da enfermagem fazem paralisação reivindicando o piso salarial

Profissionais da enfermagem fazem paralisação reivindicando o piso salarial

14/02/2023 às 15h51 Atualizada em 27/03/2023 às 09h07
Por: Thiago Rodrigues
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Foto: Reprodução
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Foto: Fábio Lima
Profissionais de enfermagem realizaram uma paralisação em frente ao Prédio da Prefeitura de Fortaleza, no bairro Centro, na manhã desta terça-feira, 14. Os trabalhadores reivindicam a aprovação de uma Medida Provisória que garante o custeio do piso salarial da categoria. Caso o documento não seja aceito até o dia 10 de março, os profissionais devem fazer uma greve a nível nacional.
“Hoje, nós estamos fazendo essa atividade aqui em frente à Prefeitura de Fortaleza, mas vamos finalizar no Palácio do Governo, onde vai ter uma assembleia da categoria”, diz Marta Brandão, presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Ceará (Sindsaúde).
A sindicalista afirma que caso a Medida Provisória, que garante o pagamento do piso, não seja publicada até o dia 10 de março, haverá uma greve nacional na enfermagem. A assembléia desta terça-feira, 14, será dedicada a começar a organização para essa possível paralisação. “As orientações, das entidades nacionais de enfermagem, é que tenha uma paralisação por tempo indeterminado”, complementa.
A paralisação também aconteceu em Juazeiro do Norte. Profissionais e sindicalistas de várias regiões do Cariri se concentraram na Praça do Giradouro e, depois, fizeram uma caminhada em torno do Hospital Regional do Cariri.
Profissionais da enfermagem fazem paralisação: dificuldades
Antonia Yara, 59, é técnica de enfermagem e trabalha na área há 25 anos. Hoje, atua no setor público. Ela revela que, mesmo sendo diabética e hipertensa, trabalhou durante o auge da pandemia do Covid-19. “Todo dia que eu ia para o plantão, eu me despedia da minha família como se fosse a última vez.”
Sobre as condições de trabalho, ela destaca a questão da saúde mental. “A gente arranja doenças por trabalhar direto sob estresse. Não temos condições psicológicas de ter lazer, não temos condições nem mesmo de comprar remédio quando adoecemos.”
“A gente precisa ser reconhecido, a gente precisa desse piso. Todos eles [os políticos] possuem um piso salarial, por que nós não temos?”, complementa.
Durante a pandemia, o hospital onde ela trabalhava dava a opção de não trabalhar, mas, de acordo com ela, o profissional perderia todas as gratificações e ficaria com uma renda muito baixa caso fizesse isso.
Irismar Silveira, 36, também é técnica e trabalha há três anos na área. De acordo com ela, a enfermagem é “uma categoria muito sofrida, que lida com vidas e acompanha o ser humano do nascer ao morrer. A gente precisa de valorização, na época da pandemia fomos chamados de heróis, mas nossa realidade é muito diferente”.
“Ganhamos salários mínimos e precisamos fazer escala em uns três hospitais diferentes para tentar ter um pouco de dignidade. É uma profissão que a gente faz, sim, com amor, mas para fazer isso deixamos nossos filhos e familiares em casa. A gente guarda a nossa dor para cuidar da dor do próximo”, complementa.
Piso salarial dos profissionais da enfermagem: relembre
Em setembro de 2022, o ministro Luís Roberto Barroso suspendeu o piso salarial da categoria sob a justificativa de que “o Legislativo aprovou o projeto e o Executivo o sancionou sem cuidarem das providências que viabilizaram a sua execução”.
A lei já tinha sido aprovada no Congresso Federal e sancionada pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), quando foi barrada pelo ministro.
Mais recentemente, a Ministra da Saúde do governo Lula, Nísia Trindade, disse em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, que a questão do piso salarial deve ter uma solução a “curto prazo”.
Caso o piso salarial seja instituído, os enfermeiros passarão a receber um salário base de R$ 4.750; técnicos, de R$ 3.325; e auxiliares e parteiras, de R$ 2.375.
O Povo

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