“Ela teve uma reação absolutamente desproporcional. Nunca mais vi na vida”, explica o cirurgião vascular Antônio Vieira de Melo.
“Quando eu cheguei no hospital, ela estava brigando com o anestesista porque ele estava insistindo para não colocar tubo na garganta dela. Ela queria dormir, queria anestesia geral”, ressalta Antônio.
O médico Américo Salgueiro aplicou a anestesia geral e no fim da operação, o cirurgião vascular notou algo estranho.
“O sangue dela estava um pouco escuro. Naquela época nós não tínhamos a monitorização que nós temos hoje. Ela estava com taquicardia, frequência muita rápida, igual a uma parada cardíaca... Cheguei a fazer injeção intracardíaca de adrenalina. Ela voltou”, conta o cirurgião.
O Fantástico teve acesso à sindicância do Conselho Regional de Medicina. No documento, com 865 páginas, os profissionais que participaram da operação foram unânimes em dizer que os médicos não se ausentaram e que os equipamentos não falharam. Não houve erro médico.
A sindicância não encontrou culpados e foi arquivada. A família não denunciou o caso e não autorizou a autópsia no corpo da cantora.
Clara Nunes teve um choque anafilático, o corpo reagiu à anestesia. Formou-se um grande edema no cérebro. A cantora entrou em coma e permaneceu assim por 28 dias internada na Clínica São Vicente, no RJ.
“Estou com 58 anos de formado, nunca vi aquilo. Medicina... A gente não tem uma ciência exata igual a matemática. Cada ser humano reage de um jeito”.
O Fantástico tentou entrar em contato com o anestesista, mas o celular dele estava sempre desligado.
“Eu sabia que ela era uma pessoa que podia ser minha amiga porque ela tinha o mesmo feeling, pensamento, era uma pessoa família, uma pessoa boa...”, diz Alcione
G1