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Dia da Abolição da Escravatura no Brasil: o que mudou nos últimos 135 anos de Lei Áurea

Dia da Abolição da Escravatura no Brasil: o que mudou nos últimos 135 anos de Lei Áurea

Thiago Rodrigues
Por: Thiago Rodrigues
13/05/2023 às 10h57 Atualizada em 29/05/2023 às 00h39
Dia da Abolição da Escravatura no Brasil: o que mudou nos últimos 135 anos de Lei Áurea
Foto: Reprodução
Foto: Ministério do Trabalho e Emprego/ Divulgação


O professor e pesquisador de história e cultura negra no Ceará, Hilário Ferreira, explica que há três abordagens ao se tratar da data pelo movimento negro: a versão contada a partir do protagonismo branco, a que nega o fim da escravidão e aquela que a entende como um espaço de debate.

A primeira delas, põe a princesa “redentora” como protagonista de um movimento pré-existente ao ato da sanção — que esconde, por sua vez, uma liberdade mascarada de insubordinação de pessoas negras, indígenas e quilombolas escravizadas pelo antigo regime à marginalização.

“Eu penso que existem três formas de abordagem do 13 de maio, da dita abolição. Uma é a absorção da história oficial que se vê na princesa Isabel — no caso específico do grupo de jovens de classe média, brancos — a responsabilidade por ter abolido a escravidão. Então festejar, acreditar que ocorreu uma abolição, considerando o ponto de vista da pesquisa histórica, a documentação, as condições sócio-históricas da sociedade brasileira no que diz respeito à população negra, mostram que ela não ocorreu”, afirma.

Apesar dos 135 anos que já se passaram desde a abolição ser oficializada, Hilário salienta que “a população negra continua numa situação de extrema desigualdade, continua sendo explorada, o que se observa é justamente a substituição da condição de escravizado para marginalizado". Para ele, assumir esse discurso, portanto, “é negar o protagonismo das lutas dos negros e dá-lo aos brancos. Significa dizer que a luta pela liberdade dos negros seria uma dádiva dos brancos, ou seja, a abolição seria um presente dos brancos para os negros. E nós sabemos que ninguém dá liberdade. A liberdade é conquistada”.

O Povo