O dólar registrou queda de 1% e fechou em seu menor valor desde abril de 2022 nesta segunda-feira (24), cotado a R$ 4,733, com o mercado aguardando a próxima decisão sobre juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e dados de inflação do Brasil.
Já a Bolsa brasileira teve alta de 0,93% e terminou o dia aos 121.341 pontos, o maior nível desde agosto de 2021, com impulso de ações da Petrobras e da Vale e também apoiada pelas expectativas sobre juros e inflação. Além disso, investidores aguardam a divulgação de balanços corporativos de companhias do país nesta semana.
As atenções do mercado estão voltadas para a decisão de política monetária do Fed, que será divulgada nesta quarta-feira (26). A aposta é que o banco deve realizar um aumento de 0,25 ponto percentual nos juros do país, mas ainda há dúvidas sobre possíveis novas altas ainda neste ano. “O resultado mais provável é um aumento de 0,25 ponto na taxa de juros, seguido por uma retórica ligeiramente mais dura. Acreditamos que esse cenário ressalta que as excelentes notícias sobre inflação nos Estados Unidos significam que o Fed pode tirar o pé do acelerador e esperar alguns meses para avaliar o desenvolvimento do mercado de trabalho e da inflação, diz Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.
Se esse cenário de pausa no aperto monetário do Fed após julho se confirmar, a tendência é o dólar se enfraquecer globalmente, uma vez que investidores provavelmente realocariam recursos em mercados mais rentáveis que os dos EUA. No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga na terça (25) o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15) de julho, que deve tornar mais claro o cenário de possível redução da Selic (taxa básica de juros).
A previsão de economistas consultados pela Bloomberg é que o indicador tenha alta de 3,40%, que seria uma desaceleração ante os 3,40% registrados no mês anterior. Para a variação mensal, a expectativa é que o IPCA-15 registre deflação de 0,02%. Um cenário de arrefecimento da inflação no Brasil tem alimentado apostas na queda da Selic já a partir de agosto, quando ocorre a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Na sexta-feira (21), as taxas dos contratos futuros de juros reforçaram projeções de que o Banco Central pode cortar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual já no início do próximo mês.
Embora o nível atual dos juros, de 13,75%, seja apontado como um apoio para o real ao atrair investimentos para o mercado de títulos local, alguns especialistas argumentam que eventuais perdas de ingressos na renda fixa após a queda da Selic podem ser compensadas por entradas de dinheiro no país via renda variável, o que continuaria apoiando a divisa brasileira. Além disso, com a diminuição das expectativas de inflação, a projeção é que o Brasil continue com juro real (que desconta o IPCA) atrativo, o que também beneficiaria o real.
A moeda brasileira foi apoiada nesta segunda, ainda, pela alta das commodities, em meio à crise relacionada ao transporte de grãos desencadeada pela Guerra da Ucrânia na semana passada. Com a expectativa sobre os dados de inflação, os juros futuros registraram nova queda e deram fôlego à Bolsa brasileira. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 caíram de 12,71% para 12,69%, enquanto os para 2025 foram de 10,73% para 10,70%.
Já o Ibovespa registrou mais um desempenho positivo apoiado pelas ações da Weg, que registraram os maiores ganhos da sessão com alta de 7,22%. A empresa tem subido na Bolsa desde a semana passada após a divulgação de seu balanço corporativo mais recente, que veio melhor que o esperado. Apoiaram o índice, ainda, altas de Petrobras (2,08%) e Vale (3,02%), que também ficaram na lista de mais negociadas da sessão. A petroleira foi apoiada pela subida do petróleo no exterior, enquanto a mineradora destacou-se após notícias sobre novos estímulos econômicos na China.
Na ponta negativa, as ações da IRB Brasil tiveram forte queda de 14,40% após a companhia ter divulgado um resultado pior que o esperado em maio. Com o anúncio do balanço, o BTG Pactual rebaixou a ação da IRB e recomendou venda, o que contribuiu para o movimento de baixa. Ações de Bradesco e Itaú, que completam a lista de mais negociadas do dia, caíram 2,69% e 1,58%, respectivamente, e pressionaram o Ibovespa.
Além disso, quedas de empresas do setor de proteínas, como Marfrig (3,87%), BRF (2,27%) e JBS (1,38%), também limitaram os ganhos do índice, em dia de alta dos grãos na Europa . O registro de um caso de gripe aviária em Santa Catarina também vem derrubando o setor na Bolsa desde a semana passada.
Nos Estados Unidos, os principais índices acionários registravam alta, também apoiados pela expectativa de corte de juros no país. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq subiram 0,40%, 0,52% e 0,19%, respectivamente. Apesar de estar operando em queda no Brasil, o dólar registrou alta ante outras moedas fortes, com o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante essas divisas, subindo 0,33% no dia.