Neste mês de agosto, a cidade de Hidrolândia trabalha a campanha “Agosto Lilás”, um movimento que busca sensibilizar a população acerca das questões de segurança e violência contra a mulher, abordando um caso local que mesmo tendo sido há quase 70 anos, ainda permanece bem vivo e de forma a impactar da população.
O contexto traz consigo a história de Maria Marta de Sousa, natural da cidade, que foi vítima de feminicídio pelo marido, na véspera do Natal de 1955. Ela era mãe de três filhos, o mais novo nasceu três dias antes de Júlio Vital da Penha, seu esposo, matá-la na sala de casa.
O acontecimento fez com que Marta virasse mártir, ganhando uma capelinha na cidade para que os cidadãos façam pedidos e suas orações.
Nessa capelinha várias mulheres deixam suas rezas, para proteção, a professora de história, Fátima Chaves, contou mais sobre como a capela foi ganhando mais força e reconhecimento pelas suas graças.
“Um tempo depois de seu assassinato, começou a peregrinação que foi iniciada por mulheres, essas mulheres tinham problemas relacionados ao de Marta, maridos que bebiam, que tinha muito ciúmes, começaram a procurar a Marta para fazer promessas e que era alcançadas”, contou Fátima.
A Campanha iniciou no dia 08 de agosto e se extende por todo o mês, o ponto chave acontece no dia 16 de agosto, onde será feita a primeira caminhada em conscientização da população sobre a violência contra a mulher, os cartazes são exibidos junto a caminhada da população que sai da secretaria de assistência até o calçadão dos feirantes.
“Dentro desses grupos fomos trabalhando o tema, foi falado sobre a lei Maria da Penha e também foi produzido cartazes pelas próprias usarias dos serviços, às famílias que são acompanhadas pelo CRAS, que vão ser usadas na caminhada” completou a fala da Secretária Jéssica Martins.
A ação da cidade é uma forma de diminuir a violência contra a mulher. No ano de 2022, segundo uma notícia dada pelo portal G1 com os dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública e defesa social, 28 mulheres foram vítimas de feminicídio no Ceará, até junho deste ano o número é mais da metade, 17 casos ocorrido.
Já em uma notícia do OPINIÃO, a coordenadora do instituto Maria da Penha e advogada do Fórum Cearense de Mulheres, Rose Marques, disse em uma audiência pública no mês de novembro de 2022, que não há dados, mas que segundo ela até a data da audiência, teria ocorrido 236 casos de feminicídio no Ceará.
“Se não temos dados, negamos a existência desses crimes. E aí tudo o que afirmamos para a construção de políticas públicas acaba sendo deslegitimado. Existem movimentos como esse em outros países desenvolvendo um trabalho de pesquisa parecido, construindo dados e ferramentas para identificar casos de feminicídio no intuito de complementar as informações que muitas vezes são ignoradas nas qualificações desses crimes. Somente neste ano, até a data de hoje, tivemos 236 casos no Ceará“ disse a Advogada.
A Finada Marta, como é conhecida popularmente, ainda é muito lembrada, uma imagem ilustrativa dela é utilizada nos materiais de divulgação da campanha deste ano, tendo sido criada com o auxílio de Inteligência Artificial através de pesquisas e entrevistas de como ela seria e suas caractéristicas, pois não há fotos ou quadros retratando Marta.
A Violência contra mulher é crime, caso testemunhe algo ou esteja sofrendo, busque apoio e denuncie no 180 para receber suporte e fazer a denúncia de forma anônima.