Uma mulher que confessou ter mandado matar o companheiro foi absolvida após convencer os jurados de que era vítima de violência doméstica, em Rio Verde, no sudoeste do estado. De acordo com a Justiça, a ré confessa pagou o valor de R$ 5 mil a outro homem para que ele cometesse o crime enquanto a vítima dormia, em outubro de 2007, há 17 anos.
O julgamento que resultou na absolvição da ré ocorreu na quarta-feira (13). A defesa dela afirmou ao g1 que durante anos ela sofreu graves ameaças e agressões da vítima. Informou ainda que ele tinha antecedentes criminais por homicídio, que era uma pessoa perigosa e que recebe a absolvição da ré com satisfação.
O homem acusado de ser contratado pela ré, que também foi a julgamento, negou os crimes desde o início das acusações, também foi absolvido e considerado inocente. Em nota, a defesa dele afirmou que uma suposta confissão dos crimes foi obtida em delegacia após o acusado ser torturado, que sempre negou a participação e que, por este motivo, os jurados reconheceram o pedido de absolvição da defesa.
De acordo com os dados da Justiça, a morte da vítima foi encomendada e consumada no dia 31 de outubro de 2007, no Setor Serra Azul. O homem foi morto com tiros no tórax e no pescoço.
Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público, a ré ligou para a pessoa que iria matar o companheiro, informou que a vítima estava dormindo e disse que tudo precisava ocorrer naquela noite. Chegando ao local, a denúncia oferecida contra o acusado de ser o assassino, afirma que ele foi até o quarto onde a vítima estava, efetuou os disparos e fugiu em seguida.
O relacionamento entre a vítima e a ré durou cerca de 4 anos. De acordo com um boletim de ocorrência registrado por ela em agosto de 2005, ao qual o g1 teve acesso, o homem era extremamente violento e constantemente a ameaçava de morte.
Em uma das agressões registradas, a absolvida teve os cabelos cortados com um facão e os braços machucados por golpes de martelo. Já em outra data registrada, no mesmo ano, a ré afirma que o homem a feriu nos braços e pernas com um canivete, além de golpes de rodo na cabeça.
A Lei Maria da Penha, que favorece mulheres vítimas de violência doméstica, ainda não existia na época em que as agressões foram registradas, visto que a lei é de setembro de 2006 e as agressões ocorreram em agosto de 2005.