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Defasagem da gasolina e diesel dispara e gera alerta para inflação; entenda

Segundo Abicom, defasagem média do diesel nas refinarias da Petrobras, em relação ao preço praticado no Golfo do México chegou a 22% na última sexta-feira (17)

Josyvânia Monteiro
Por: Josyvânia Monteiro Fonte: CNN
19/01/2025 às 15h29
Defasagem da gasolina e diesel dispara e gera alerta para inflação; entenda
Foto: Reprodução

Uma forte escalada do preço do petróleo no mercado internacional, desta vez impulsionada por um novo pacote de sanções contra o setor energético russo, chega ao Brasil em um momento em que a Petrobras está com os preços bastante defasados, atingindo patamares que em 2023 obrigaram a companhia em agosto a reajustar o diesel em 25% e a gasolina em 16%.

Um eventual aumento agora, para reduzir ou anular essa defasagem, teria impacto na inflação de 2025, principalmente a de fevereiro, mas traria alívio para importadores e produtores de etanol, que estão perdendo espaço nos postos de abastecimento diante dos preços estagnados dos dois combustíveis.

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Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem média do diesel nas refinarias da Petrobras, em relação ao preço praticado no Golfo do México chegou a 22% na última sexta-feira (17), enquanto na gasolina ficou em 13%.

Mesmo na Refinaria de Mataripe, que reajusta seus preços semanalmente, o óleo diesel está sendo vendido 11% abaixo do mercado internacional, e a gasolina a um preço 7% inferior.

O preço do diesel não é reajustado há 383 dias nas refinarias da estatal, e da gasolina, há 188 dias. No dia 1º de janeiro a estatal elevou o querosene de aviação (QAV), cujos reajustes mensais são por contrato, em 7%.

“Não é necessário a Petrobras trabalhar com uma defasagem tão alta. Prejudica não só importadores como produtores de etanol. O câmbio não tem expectativa de redução enquanto não houver equilíbrio fiscal, e o petróleo só aumenta. Se a companhia praticar um preço só um pouco abaixo da defasagem já ganha muito dinheiro”, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o presidente da Abicom, Sérgio Rodrigues.

Inflação

Para o economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, será difícil a petroleira evitar um reajuste diante dessa defasagem por muito tempo.

Segundo ele, a expectativa é de que os combustíveis sejam reajustados em breve, o que vai pesar na inflação de janeiro e principalmente de fevereiro. No caso do índice oficial de inflação, Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a maior preocupação é a gasolina, que compromete 5% do orçamento familiar no Brasil.

“Várias pressões inflacionárias estão se acumulando, já tivemos aumentos importantes no transporte público, teremos alta nas mensalidades escolares e no IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores). Acredito que a gasolina, que compromete 5% do orçamento familiar, terá reajuste em breve. A desvalorização cambial acumulada e a nova tendência de alta do petróleo indicam que isso deve acontecer”, explicou Braz ao Broadcast.

Segundo ele, porém, em janeiro o impacto inflacionário não será tão grande, graças ao bônus da Usina Hidrelétrica de Itaipu que permitirá a conta de energia cair 13% em média.

“Isso fará o IPCA recuar algo em torno de 0,50 ponto percentual em janeiro, o problema será em fevereiro”, explicou, ressaltando que em fevereiro as mensalidades escolares terão subido e a conta de luz voltará ao normal.

“O IPCA de janeiro poderá ficar em torno de 0,2% e a de fevereiro acima de 1%”, estimou Braz.

Para ele, o cenário da inflação dos próximos meses também dependerá do comportamento do câmbio, que se por um lado estimula as exportações, o que é bom para a balança comercial do país, por outro turbina os preços internos.

“Ao exportar, a oferta doméstica reduz o que pressiona a inflação, e torna mais caro tudo o que importamos, como trigo e gasolina”, explicou Braz.